Em declarações ao SAPO24, o capitão do Porto da Nazaré e comandante local da polícia marítima, Paulo Agostinho, confirmou que os pescadores da embarcação "Mar Salgado" encontraram esta manhã "um objeto estranho, que foi recolhido. Quando a embarcação chegou ao porto entrou em contacto com a capitania".
Uma primeira inspeção permitiu aferir que se tratava de um engenho explosivo, uma "bomba", "muito potente". O engenho é semelhante aos largados por via aérea, tem uma forma cilíndrica, cerca de 1,60m de altura, e uma carga de 202 quilos de h6, o equivalente a 600 quilos de TNT.
O porto foi "isolado e foi definido um perímetro de segurança" com 300 metros, adiantou o responsável. A bomba, em elevado estado de corrosão, foi recolhida ao largo da Nazaré.
No momento do primeiro contacto com Paulo Agostinho era aguardada a chegada da equipa de Inativação de Engenhos Explosivos da Marinha, que vinha "de Lisboa, com hora prevista de chegada às 14h00", adiantou o comandante. Já no local, em declarações à imprensa, Paulo Agostinho confirmou a chegada da equipa técnica.
Esta equipa ia "proceder à primeira avaliação, no sentido de apurar com maior detalhe as características deste engenho, e ver qual a melhor linha de ação a seguir", adiantou. Para o local foram também destacados também mergulhadores.
Por volta das 15h00, o comandante informou que a bomba ia ser desmantelada e detonada no mar, para onde ia começar a ser transportada até às 15:45. A confirmação da detonação chegou pouco antes das 17h00.
A operação foi preparada em terra e contou com a colaboração do arrastão “Mar Salgado”, “auxiliando com as suas gruas a colocação da bomba no mar", onde depois os mergulhadores iam colocar as cargas "para a detonação controlada e em segurança”, explicou Paul Agostinho. A deslocação do arrastão foi acompanhada por lanchas da Polícia Marítima e da Estação Salva Vidas da Nazaré.
Em comunicado, a Marinha Portuguesa revelou que, depois do alerta dado às 09h20, a equipa de mergulhadores “analisou, à distância, as imagens recolhidas do engenho, que tem entre 1,50 a 1,60 [metros] de comprimento, e aparentemente será uma bomba de aeronave do tipo MK82 e que poderá ter no seu interior um tipo de explosivo equivalente a 600 kg de TNT [trinitrotolueno]". Já na Nazaré, a equipa de mergulhadores “reavaliou a situação e elaborou o plano de ação que passava por sair para fora do porto da Nazaré - para uma área com um perímetro de segurança de mil metros”, garantidos pela Polícia Marítima. A operação, que envolveu também o Instituto de Socorros a Náufragos no local, previa “afundar o engenho explosivo a 20 metros de profundidade e depois proceder à contra-detonação, garantido desta forma a segurança para pessoas e embarcações”.
A colocação das cargas foi feita por mergulhadores do Destacamento de Mergulhadores Sapadores (DMS) Nº1, que têm entre as suas áreas de atuação reconhecer e inativar engenhos explosivos convencionais ou improvisados, na área de responsabilidade da Marinha e em áreas de conflito.
Em declarações à imprensa às 16h55, Paulo Agostinho disse que "a operação correu com sucesso". A bomba foi "colocada no local pré-definido pelas autoridades", depois colocaram-se pequenas cargas de detonação no dispositivo, "foi estabelecido um género de comando remoto para detonar a bomba" e depois de as autoridades estarem a uma distância de segurança esta foi "detonada", detalhou o comandante.
“A bomba foi detonada às 16h30, em segurança, e meia hora depois foram feitos dois mergulhos de verificação, tendo sido confirmada a sua completa destruição”, disse o responsável Paulo Agostinho.
De acordo com o responsável, às 17h30 já não havia “embarcações nem homens no mar”. Previa-se que até às 18h00 estivesse "recolhido todo o material usado na operação e os mergulhadores possam regressar a Lisboa”.
A barra do porto da Nazaré e a lota já se regressaram à normalidade, tendo sido levantadas todas as restrições.
Questionado sobre a possibilidade de se tratar de uma bomba da Segunda Guerra Mundial, o comandante do porto sublinhou não ter sido encontrada qualquer inscrição que o confirme, dado o estado de corrosão do engenho.
“Não sabemos há quanto tempo se encontraria submerso”, declarou.
(Notícia atualizada às 18h09)
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