Falando no fim de mais uma sessão das conversações de paz em Maputo, José Manteigas, chefe da delegação da Renamo no atual processo negocial, disse que o partido apresentou Saimone Macuiane à comissão mista na segunda-feira, data do reatamento do diálogo, após um interregno de duas semanas.

“Além dos mediadores, comunicámos também à Presidência sobre esta indicação. Já é oficial”, assinalou José Manteigas.

Saimone Macuiane foi chefe da delegação da Renamo no anterior processo negocial, que culminou com a assinatura em setembro de 2014 do Acordo sobre a Cessão das Hostilidades Militares entre o então Presidente moçambicano, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.

As negociações prosseguiram em relação a outros pontos de agenda, mas, ao fim de mais de cem sessões, foram rompidas por Dhlakama alegando falta de seriedade do Governo.

Além de deputado da Renamo na Assembleia da República, Macuiane é chefe do Departamento Jurídico do partido.

Macuiane substitui Jeremias Pondeca, antigo membro da Renamo nas negociações de paz e também conselheiro de Estado, que foi assassinado por desconhecidos em outubro em Maputo.

O corpo de Pondeca foi abandonado na Praia da Costa do Sol com marcas de balas e só foi identificado no dia seguinte na morgue do Hospital Central, com a ajuda dos familiares.

Moçambique atravessa uma crise política e militar, marcada pelos confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos da Renamo e da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder).

As autoridades moçambicanas acusam a Renamo de vários ataques nas principais estradas do centro de Moçambique.

A Renamo acusa, por sua vez, as Forças de Defesa e Segurança de investidas militares contra posições do partido.

Apesar dos casos de violência, as partes estão em conversações em Maputo, na presença de mediadores internacionais.