O Presidente venezuelano, que falava a partir do palácio presidencial, acusou os Estados Unidos de "intervencionismo".

"Decidi romper as relações diplomáticas e políticas com o governo imperialista dos Estados Unidos", disse Nicolás Maduro.

O anúncio de Maduro foi feito horas após o líder do parlamento, Juan Guaidó, se ter autoproclamado Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.

Em resposta esta ação, Nicolás Maduro disse, perante os seus apoiantes em frente ao palácio presidencial de Miraflores, que "compete aos órgãos de justiça atuar de acordo com a lei e os códigos da Venezuela, já que cabe à justiça preservar o Estado, a ordem democrática e a lei venezuelana".

Juan Guaidó, engenheiro mecânico de 35 anos, tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 3 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.

"Levantemos a mão: Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação [da Presidência da República], um Governo de transição e eleições livres", declarou durante a proclamação.

Para si, "não se trata de fazer nada paralelo", já que tem “o apoio da gente nas ruas".

Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela comunidade internacional.

A 15 de janeiro, numa coluna de opinião publicada no diário norte-americano The Washington Post, Juan Guaidó invocou artigos da Constituição que instam os venezuelanos a rejeitar os regimes que não respeitem os valores democráticos, declarando-se “em condições e disposto a ocupar as funções de Presidente interino com o objetivo de organizar eleições livres e justas”.

Os Estados Unidos, o Canadá, a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Brasil, a Colômbia, o Peru, o Paraguai, o Equador, o Chile e a Costa Rica também já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.

Até agora, só o México anunciou que se mantém ao lado de Nicolás Maduro.

A Venezuela enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Esta crise num país outrora rico, graças às suas reservas de petróleo, está a provocar carências alimentares e de medicamentos.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação deverá atingir 10.000.000% em 2019.