“Ninguém bloqueará a Venezuela. A Venezuela é um país soberano e não se deixa intimidar. Isso [Assembleia Constituinte] é um problema dos venezuelanos. Se queremos ter alcaides, temos. Se queremos ter governadores, temos”, declarou, a partir do palácio presidencial de Miraflores.

“Nenhum governo nos pode dizer o que podemos, ou não, fazer. Jamais nos renderemos. A Venezuela vencerá com a sua Constituinte e o imperialismo engolirá as suas palavras”, frisou, numa intervenção transmitida pela televisão estatal venezuelana.

Maduro reagia às declarações do senador republicano norte-americano Mario Rubio sobre a imposição de “sanções severas” contra a Venezuela, caso seja aprovada a Assembleia Constituinte.

“É possível uma reconciliação na Venezuela se Maduro optar por esse caminho. Mas que espere severas sanções dos Estados Unidos se se der a Assembleia Constituinte”, escreveu Rubio na conta na rede de mensagens instantâneas Twitter.

O objetivo da oposição venezuelana, que contesta a eleição da Assembleia Constituinte, “não é a vingança”, afirmou o senador.

“Os protestos terminarão se o Governo de Maduro regressar à ordem constitucional, libertar e conceder amnistia a todos os presos políticos, suspender a Constituinte e realizar eleições supervisionadas”, explicou.

No domingo, o Governo venezuelano iniciou a campanha para o escrutínio de 30 de julho, quando serão eleitos os 545 membros da Assembleia Constituinte, promovida por Maduro.

Para o Presidente venezuelano, a Assembleia Constituinte vai redigir uma nova Constituição, que deverá traduzir um “grande diálogo nacional e social, acabar com a corrupção e a burocracia, centrada em ganhar a paz e isolar os violentos”.

A nova Constituição deverá determinar a manutenção dos programas sociais conhecidos como “missões” criadas pelo falecido líder socialista Hugo Chávez, antecessor de Maduro, em matéria de habitação social, educação, saúde e cultura.

Os eleitos deverão promover novas formas de democracia participativa, social e politicamente, além de dar valor constitucional às comunas e conselhos comunais.

A oposição acusou o Governo de avançar com um “processo fraudulento”, sem uma consulta popular sobre as bases, já que apenas a população pode convocar uma Assembleia Constituinte.

Os opositores da medida alegaram que o regime pretende usar a Assembleia Constituinte para concluir a instauração de uma ditadura, acabar com a divisão e autonomia de poderes e perseguir os dissidentes.

A convocatória para a eleição de uma Assembleia Constituinte, feita a 01 de maio último por Maduro, intensificou os protestos da oposição, que se realizam desde abril, depois de o Supremo Tribunal ter divulgado duas sentenças que limitavam a imunidade parlamentar e em que aquela instância assumia as funções do parlamento.

Pelo menos 93 pessoas morreram nos protestos, de acordo com dados oficiais.