Estes dados foram realçados hoje pela secretária do Ambiente da Madeira na abertura do encontro da Comunidade de Adaptação às Alterações Climáticas que decorreu no Funchal, apontando que, desde a década de 1960, “a temperatura do ar aumentou cerca de 1ºC e o nível médio do mar subiu cerca de 20 centímetros”.

Susana Prada sublinhou “os impactos socioeconómicos e ambientais profundos na Madeira”, mencionando que o Governo Regional aprovou, em novembro de 2015, a Estratégia Clima-Madeira com vista à adaptação da região a esta situação.

A governante destacou que esta estratégia é “um instrumento orientador das políticas regionais, que avalia as vulnerabilidades face às alterações climáticas e propõe um conjunto de medidas com o objetivo de adaptar a região, aumentando a sua resiliência nas áreas mais estratégicas”.

Entre outros aspetos inclui aspetos relacionados com os recursos hídricos; o risco de aluvião e de derrocadas; a Saúde; a biodiversidade e as florestas; a agricultura; a energia e o turismo.

“Passados pouco mais de dois anos após a aprovação do documento, cerca de 60% das medidas preconizadas no mesmo contam já com ações concretas no terreno e 30% encontram-se em fase de projeto”, declarou.

A responsável do executivo insular apontou os investimentos feitos “na recuperação dos sistemas de abastecimento de água e de regadio, com os quais o Governo Regional pretende reduzir as perdas de água”.

Também referiu a criação de reservas estratégicas de água em altitude, caso da lagoa do Paul da Serra, destacando que vai possibilitar o aumento da energia elétrica produzida a partir de fontes renováveis, dos atuais 30% para 40%, e do novo túnel hidráulico no sistema do Canal do Norte.

Os projetos de limpeza e reflorestação de mais de 1.500 hectares de espaço florestal, nos quais se inclui a criação da Faixa Corta-Fogo no Caminho dos Pretos, nas serras do Funchal, que visa “reconverter uma área infestada por plantas invasoras, altamente combustíveis, numa zona tampão composta por plantas folhosas, de baixa combustibilidade, que funcione como barreira ao avanço dos incêndios, protegendo a população”.

Outras das medidas são a implementação do Sistema de Alerta de Aluviões, a construção do Radar Meteorológico no Porto Santo, o Plano Regional de Prevenção e Controlo de Doenças Transmitidas por Vetores.

“Estes, entre muitos outros projetos e investimentos, demonstram bem o objetivo da estratégia em integrar medidas de adaptação em praticamente todas as políticas setoriais e nos instrumentos de planeamento e ordenamento do território”, argumentou.

Susana Prada destacou a importância da Comunidade de Adaptação, formada por representantes de diversas entidades, públicas e privadas, com potencial interesse no processo de adaptação.

“É importante debater este assunto e recolher contributos que permitam o aperfeiçoamento da Estratégia”, sublinhou a governante madeirense.

Ainda defendeu a necessidade de “alcançar consensos que permitam, a médio e longo prazo, aumentar a resiliência da Madeira perante um fenómeno que sabemos estar a acontecer e que, se não agirmos, poder-se-á agravar”.

“Da nossa parte [Governo Regional], tudo faremos para que os madeirenses e porto-santenses se possam sentir confiantes perante os desafios que se nos colocam” nesta matéria, concluiu.