Após dois dias de descida do número de vítimas mortais, os Estados Unidos registaram 2.228 mortes, o que eleva para 25.757 o número total de óbitos no país, de acordo com a contagem daquela universidade, na terça-feira.

O balanço diário mais elevado tinha sido registado na sexta-feira, também nos Estados Unidos, com 2.108 mortos.

O número de casos da covid-19 oficialmente declarados ultrapassou na segunda-feira os 600 mil contágios diagnosticados nos Estados Unidos. Cerca de três milhões de testes foram já realizados no país.

O centro da epidemia continua a ser Nova Iorque, apesar de um abrandamento nas admissões hospitalares.

“Nas trevas, podemos vislumbrar raios de luz”, declarou o Presidente norte-americano, na conferência de imprensa diária sobre a situação da covid-19.

Donald Trump anunciou também a suspensão do financiamento dos Estados Unidos para as operações da Organização Mundial da Saúde, justificando a decisão com a “má gestão” da pandemia da covid-19.

"Ordeno a suspensão do financiamento para a Organização Mundial da Saúde enquanto estiver a ser conduzido um estudo para examinar o papel da OMS na má gestão e ocultação da disseminação do novo coronavírus", disse Donald Trump, citado pela agência France-Presse.

Donald Trump considerou que "o mundo recebeu muitas informações falsas sobre a transmissão e mortalidade" da doença covid-19.

O Presidente dos Estados Unidos falava aos jornalistas na Casa Branca, em Washington, capital do país, onde referiu que os EUA contribuem com "400 a 500 milhões de dólares por ano" (entre 364 e 455 milhões de euros) para a OMS, em oposição aos cerca de 40 milhões de dólares (mais de 36 milhões de euros), ou "ainda menos", que Trump estimou que fosse o investimento da China naquela organização.

Donald Trump advogou ainda que se a OMS "tivesse feito o seu trabalho e enviado especialistas médicos para a China", para averiguar a "situação no local", a pandemia poderia "ter sido contida na fonte com pouquíssimas mortes".

O Presidente dos EUA tinha ameaçado, na semana passada, suspender esta contribuição financeira para a OMS, acusando a organização de ser demasiado "pró-chinesa", nas decisões que toma no combate à pandemia.

Hoje, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse que OMS não "agiu de forma correta desde o início" e pediu uma "mudança radical" na forma como opera.

"Precisamos de garantir que o dinheiro que gastamos (com a OMS) - dólares de impostos pagos aqui nos Estados Unidos - é usado de forma sensata e para os objetivos pretendidos", disse o chefe da diplomacia norte-americana.

Embora tenha afirmado que, "no passado, a OMS fem um bom trabalho", Pompeo, repetindo a crítica sobre a tendência pró-chinesa da organização na esfera das Nações Unidas, acrescentou: "Infelizmente, desta vez, não fez o seu melhor e devemos garantir uma mudança radical."

O secretário de Estado também reiterou as acusações ao Governo de Pequim, que, segundo Washington, não foi célere a partilhar avisos sobre os riscos de alastramento da epidemia, na fase inicial da crise sanitária.

António Guterres declarou, na terça-feira, que "este não é o momento de reduzir o financiamento das operações da Organização Mundial da Saúde ou de qualquer outra instituição humanitária que combata o vírus" responsável pela pandemia da covid-19.

"A minha convicção é que a Organização Mundial da Saúde deve ser apoiada por ser absolutamente essencial aos esforços do mundo para ganhar a guerra contra a covid-19", salientou Guterres.

O secretário-geral da ONU reagia ao anúncio do Presidente norte-americano, Donald Trump, de suspender a contribuição do país à OMS, justificando a decisão com a "má gestão" da pandemia da covid-19.

Na passada quarta-feira, o líder da ONU tinha já reagido às críticas norte-americanas à OMS, ao lembrar que a organização, com milhares de funcionários, está na linha da frente da luta contra a pandemia e no apoio aos Estados-membros da ONU, "principalmente os mais vulneráveis", com diretivas, formação ou equipamento.

Ao criticar a decisão norte-americana, António Guterres reconheceu que "os mesmos factos podem ser interpretados de forma diversa por diferentes entidades".

"Uma vez voltada a página desta epidemia, será tempo de rever para compreender como uma tal doença pode acontecer e alastrar tão rapidamente a sua devastação por todo o mundo", salientou.

"As lições aprendidas serão essenciais para gerir eficazmente desafios semelhantes, se surgirem no futuro", acrescentou.

"Mas este não é o momento (...) e também não é o momento de reduzir os recursos para as operações" da OMS no combate contra a pandemia, sublinhou.

O secretário-geral da ONU concluiu: "como já o disse, o momento agora deve ser de unidade da comunidade internacional para trabalhar em conjunto, de forma solidária, para deter este vírus e consequências esmagadoras".

As previsões do número de mortos nos Estados Unidos, de acordo com o modelo mais citado (IHME), que analisa a forma como a epidemia evoluiu na China e na Europa, situam-se para a primeira vaga da covid-19 em cerca de 70 mil óbitos.

A pandemia da covid-19 já causou mais de 126 mil mortos e infetou quase dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, sendo atualmente os Estados Unidos o país que regista o maior número de mortes e de infetados.

O continente europeu, com mais de 996 mil infetados e mais de 84 mil mortos, é o que regista o maior número de casos, e a Itália é o segundo país do mundo com mais vítimas mortais, contando 21.067 óbitos e mais de 162 mil casos confirmados.