O avanço para a última fase do desconfinamento, no início deste mês, trouxe também, como era expectável, um aumento do número de novos casos. Nas últimas 24 horas, Portugal registou 241 novos casos positivos de SARS-CoV-2 e uma morte associada à covid-19, segundo o mais recente boletim divulgado pela Direção-Geral da Saúde. Destes casos, 97 foram identificados na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Atualmente, o índice de transmissibilidade, R(t), nacional e do continente está em 1,06, apresentando um aumento em relação aos dados divulgados na sexta-feira, que indicavam um R(t) de 1,03.

A nível nacional, Portugal está com uma incidência a 14 dias de 55,6 casos por 100 mil habitantes, enquanto no continente, a incidência está nos 52,5 casos de infeção. Este valor também aumentou em relação aos dados da semana passada, que davam conta de uma incidência de 52,6 casos a nível nacional e 49,5 casos no continente.

Os indicadores apresentados na matriz de risco — que serve de guia para o desconfinamento —, colocam-nos “no limbo”, entre o quadrante verde e o amarelo, podendo colocar em causa a continuidade do processo. Para podermos continuar, será necessário que os indicadores fiquem na área verde, com o índice de transmissibilidade (Rt) abaixo de 1 — que já foi ultrapassado — e uma incidência abaixo de 120. Caso passemos para a zona amarela ou vermelha, a reabertura poderá ser travada ou até mesmo revertida.

Entre avanços e recuos em vários concelhos durante este mês, de acordo com o relatório semanal do INSA sobre a evolução da curva da epidemia, o aumento do Rt tem sido registado em todo o país desde o início deste mês, mas esta variação tem sido “mais acentuada” em Lisboa e Vale do Tejo.

O aumento de casos positivos na região está a preocupar as autoridades de saúde e levou o Governo a anunciar a testagem em massa à covid-19. Os principais focos do plano serão escolas, empresas e freguesias com maior incidência.

O Secretário de Estado da Saúde lembrou que a área metropolitana de Lisboa já viveu uma situação epidemiológica idêntica no início do último verão e não descartou a possibilidade de um recuo da região nas respetivas regras de desconfinamento.

“São múltiplos os fatores que têm estado a explicar este aumento de casos em Lisboa e Vale do Tejo, mas já tivemos uma situação relativamente semelhante em junho/julho. Os mecanismos nessa altura foram implementados e hoje estão bastante mais agilizados”, relembrou, acrescentando: “Se for necessário, as regras são claras e já vimos variadíssimos concelhos moverem-se na direção de mais desconfinamento ou mais confinamento e isso continuará a acontecer”.

Lisboa tem estado debaixo de olho depois dos festejos do título por parte dos adeptos do Sporting CP. Em resposta a perguntas da agência Lusa, a Direção-Geral de Saúde afirmou que até ao momento “foram reportados perto de duas dezenas de casos associados aos festejos do campeonato de futebol”, acrescentando, no entanto, que as celebrações “não explicam a totalidade do fenómeno” e que a incidência cumulativa a 14 dias por 100.000 habitantes no concelho de Lisboa “tem tido uma tendência crescente desde o início do mês de maio, seguindo o padrão nacional em termos de distribuição etária”.

O reforço da testagem pode ajudar a conter cadeias de transmissão e a impedir o descontrole do número de novos casos, mas há que relembrar que é necessário manter as medidas de prevenção como o uso de máscara, higienização das mãos e distanciamento social para evitar este “abre e fecha” da sociedade e da economia, porque o combate à pandemia continua a ser uma “maratona” e esta não vai desaparecer de um momento para o outro.