Um centro comercial na cidade de Nottingham, no Reino Unido, instalou uma máquina de venda automática com os produtos essenciais para os sem-abrigo. O objetivo do inventor é pôr uma máquina destas em todas as cidades com pessoas que dormem nas ruas.
A máquina, conta o jornal britânico ‘Guardian’, tem água, fruta fresca, barras energéticas, batatas fritas, chocolates e sandes; mas também meias, toalhas sanitárias, loções antibacterianas, escovas e pasta de dentes — e livros.
A maioria dos produtos frescos vêm de entidades que se dedicam à redistribuição de alimentos, com o objetivo de reduzir o desperdício alimentar, explica a organização por trás da máquina, a Action Hunger (Ação Fome, em português).
Os outros produtos são comprados através de doações, diz a mesma fonte.
O acesso ao conteúdo é controlado através de um cartão especial, que permite a cada utilizador ter acesso a três produtos por dia. A organização por trás desta máquina diz que o limite serve para impedir que as pessoas sejam exclusivamente dependentes desta plataforma.
“Queremos que a nossa solução de baixo custo seja um complemento para os outros serviços disponibilizados, já que a interação com profissionais e os serviços de apoio locais são fundamentais para romper o ciclo dos sem-abrigo”, acrescenta a organização, citada pelo jornal britânico.
Fomentar a vida na rua?
Nem para todos, porém, esta é uma boa ideia. A máquina foi criada por Huzaifah Khaled, de 29 anos. Depois de convencer uma das maiores empresas de máquinas de venda automática a dar-lhe gratuitamente um aparelho no valor de 11 mil libras, e de conseguir o apoio uma instituição de solidariedade.
Mas a ideia de Khaled tem sido contestada. Diz o ‘Guardian’ que o acusam de estar a permitir um estilo de vida marginal, ao facilitar a vida àqueles que dormem na rua, desincentivando-os a procurar ajuda e abrigo num albergue específico para estes casos.
O inventor, contrapõe. “Podíamos não ter posto um limite ao número de bens que uma pessoa pode receber e não ter implementado um sistema de validação”. Os utilizadores da máquina têm de validar os cartões todas as semanas junto da instituição de solidariedade associada ao projeto, a Friary.
Agora, quer expandir a ideia. O objetivo é ter entre 25 e 30 destas máquinas a funcionar no Reino Unido até ao final de 2018.
Todavia, Khaled não quer ficar apenas pelas ilhas britânicas. O projeto começará a funcionar do outro lado do Atlântico já em fevereiro, em Nova Iorque. Los Angeles, São Francisco e Seattle serão as cidades seguintes nos Estados Unidos da América.
O inventor tem recebido também propostas para exportar as ideias para outros países, como a Grécia, Espanha, Austrália ou a China, de onde lhe chegaram e-mails de pessoas que querem saber mais sobre o projeto, diz ao ‘Guardian’.
Porém, Khaled vai entrar para o trabalho a tempo inteiro na Goldman Sachs em fevereiro. Está, por isso, à procura de um substituto que fique à frente da instituição e reúna o capital necessário para a expansão global da ideia.
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