O serviço MeteoTécnico - o primeiro serviço de previsão meteorológica diária ‘online’ disponível em Portugal, segundo o IST - está disponível na internet desde 2001, recebe entre mil a 3 mil visualizações por dia, oferece previsão horária e para sete dias, e é mais procurado nos dias que chove ou quando há transições do estado do tempo. As previsões visam, agora, apenas Portugal continental.
Além de oferecer previsões meteorológicas, a multiplicidade de dados obtidos pelo modelo que as gera, são usados para parcerias com entidades exteriores ao Instituto Superior Técnico (IST), mas também para consumo interno, como teses e projetos.
Atualmente o Técnico tem uma parceria que envolve o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, para assuntos de saúde pública, como a previsão de eventos como as ondas de calor. Ajuda ainda os agricultores da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Sorraia a usarem a água de forma mais eficiente, disse à Lusa o engenheiro do Ambiente Jorge Palma.
No passado, o instituto colaborou com a Proteção Civil de Lisboa e com a Rede Energéticas Nacionais (REN), neste caso para a previsão dos ventos para os parques eólicos, disse à Lusa Tiago Domingos, professor de Ambiente e Energia no instituto.
A propósito do trabalho que o IST teve com a REN, Tiago Domingos lembrou que a motivação muito inicial de todo este projeto, na década de 70, foi o das "energias renováveis e o problema da intermitência”, ou seja, nem sempre há sol e nem sempre há vento.
“Para a gestão das redes elétricas, à medida que começa a haver solar e eólico é muito importante prever quando é que não vai haver sol e quando é que não vai haver vento, porque nessa altura é preciso pré-preparar outras fontes de eletricidade, que podem não estar imediatamente disponíveis”, explicou.
Tiago Domingos contou que na base deste serviço esteve o objetivo estratégico do seu pai, José Delgado Domingos, antigo professor catedrático do Técnico, de em 1999 criar um modelo matemático para dar resposta a preocupações ambientais.
“Trabalhando em ambiente e especificamente em poluição atmosférica, ele [José Delgado Domingos] apercebeu-se da necessidade de termos de facto modelos a funcionar que permitissem prever o que acontecia aos poluentes quando se dispersavam na atmosfera, para onde é que as correntes do ar levam as partículas poluentes, o que na prática é o que um modelo meteorológico faz" contou.
Coube à professora Tânia Sousa, enquanto estudante de Engenharia do Ambiente, ter dedicado a sua tese de mestrado, em 2001, à calibração do sistema MeteoTécnico.
Tânia Sousa explicou que a previsão em tempo real foi desafiante, dada a quantidade de informação necessária e de cálculos efetuados pelo modelo face ao tamanho e à lentidão dos computadores na altura.
Sobre o papel que lhe foi atribuído, disse que “parte do esforço inicial [do trabalho] foi tentar fazer com que os resultados que saíam do modelo [usado] - temperaturas, precipitações, humidades, cobertura de nuvens - fossem o mais próximo possível dos valores reais (…)”.
“O que fizemos foi ajustar o modelo às nossas condições e fazer com que as previsões fossem o melhor possível”, referiu, adiantando que para isso foram introduzidos no modelo, por exemplo, a topografia de Portugal.
Com quase 25 anos, o MeteoTécnico tem como objetivo manter o “histórico, de ser o primeiro serviço de previsão meteorológica ‘online’ disponível em Portugal”. O Serviço está inserido no Centro de Ciência e Tecnologia do Ambiente e do Mar (MARETEC) do IST.
“Nunca houve a ideia de divulgar o serviço [meteo]. Ao longo dos anos foram feitas as previsões, foram publicados os resultados e quem quiser… está no 'site”, disse Jorge Palma, na véspera de se assinalar o Dia Mundial da Meteorologia.
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