"Oh, meu Deus. Estou tão honrado e grato". Foram estas as primeiras palavras de Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia, quando Olav Njølstad, Secretário do Comité Nobel lhe ligou a informar que ganhou o Prémio Nobel da Paz de 2016.

Isto "é muito importante para mim e para o meu país, para as vítimas desta guerra", disse o presidente da Colômbia, que reforçou o "compromisso de continuar a tentar trazer paz ao país". O Nobel da Paz "é um grande incentivo", acrescentou.

"Estamos muito próximos de alcançar o fim da guerra e isto vai ser tão importante. Não tenho palavras", assumiu.

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"Temos que continuar até chegar ao final. Estamos muito próximo [da Paz], apenas precisamos de mais um empurrão. Este é um grande estímulo para chegar ao fim, para a construção da paz na Colômbia. Todos vão receber este prémio com grande emoção", reforçou mais tarde Santos em entrevista à fundação Nobel.

"Recebo este prémio em nome do povo colombiano"

Juan Manuel Santos afirmou que o prémio vai ser também um estímulo para as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Na entrevista, o presidente da Colômbia disse estar também para breve a paz com outro grupo, numa referência ao Exército de Libertação Nacional (ELN).

"Os dois grupos com quem negociamos vão receber [este prémio] como um estímulo de todo o mundo para a necessidade de chegar a acordo em breve. Chegámos a acordo com o primeiro grupo, com o segundo grupo estamos muito próximos. Temos que continuar até ao fim", afirmou. "Trata-se simplesmente de acreditar numa causa, de viver numa sociedade em paz. Este é o momento, as condições estão reunidas", acrescentou.

O presidente colombiano recebeu a notícia da atribuição do prémio com "grande emoção", sublinhando tratar-se de um "grande reconhecimento" para o país.

"O povo colombiano e especialmente as vítimas são importantes para nós. Recebo este prémio em nome do povo colombiano, que tanto sofreu com esta guerra, 52 anos de guerra, com milhares de vítimas. Estamos muito próximos do fim", reiterou.

O prémio Nobel da Paz foi atribuído ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pelos seus esforços para pôr fim à guerra civil do país.

Assinado a 26 de setembro, em Cartagena das Índias, entre o governo da Colômbia e as FARC, o acordo de paz foi rejeitado pela população no referendo realizado a 2 de outubro.

"Esperamos que este prémio encoraje todas as boas iniciativas e todos os atores que possam desempenhar um papel decisivo no processo de paz e trazer finalmente a paz à Colômbia após décadas de guerra", declarou a presidente do comité Nobel norueguês, Kaci Kullmann Five.

Ao longo de mais de 50 anos, o complexo conflito armado colombiano implicou as FARC, formadas em 1964 na sequência de uma revolta camponesa, e outras guerrilhas de extrema esquerda, milícias paramilitares de extrema direita e as forças armadas. A violência causou mais de 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.

O Nobel da Paz

O Nobel da Paz distingue a pessoa ou organização que mais tenha trabalhado "pela fraternidade entre nações, pela abolição ou redução de exércitos permanentes e pela organização ou realização de congressos de paz", segundo o testamento do criador dos prémios, Alfred Nobel.

Este ano, o Comité Nobel recebeu um número recorde de candidaturas ao Nobel da Paz, 376, dos quais 228 pessoas e 148 organizações.

O Comité só pode divulgar os nomes dos candidatos ao fim de 50 anos, pelo que estes só são conhecidos antes se forem divulgados pelas entidades que os nomeiam.

O Nobel da Paz é o único atribuído fora de Estocolmo, de acordo com a decisão de Alfred Nobel, já que na época a Noruega integrava o Reino da Suécia.

A entrega dos Nobel realiza-se, de acordo com a tradição, em duas cerimónias paralelas, a 10 de dezembro, em Oslo para o prémio da Paz e em Estocolmo para os restantes, data de aniversário da morte do químico e industrial sueco.

(Notícia atualizada às 14h05 com mais informação)