Em declarações à agência Lusa, o responsável do Conselho Norueguês da Pesca (Norge) em Portugal adiantou que o consumo de ‘skrei’ no país rondou no ano passado as 30/40 toneladas, um valor ainda residual entre as cerca de 65 mil toneladas de bacalhau (em peso seco) consumidas anualmente no país.

“Esperamos que este ano aumente. A nossa expectativa de crescimento é muito grande”, afirmou Johnny Thomassen, apontando como objetivo atingir dentro de “cinco a seis anos” um consumo de bacalhau fresco em Portugal na ordem das 500 toneladas.

“E – acrescenta – só não é mais porque é um produto sazonal, que apenas está disponível entre fevereiro e abril. Se fosse um produto que fosse possível oferecer durante todo o ano as expectativas seriam muito maiores”.

‘Skrei’ é o nome é o nome usado para o Bacalhau do Ártico (‘gadus morhua’) durante o primeiro período do ano. É um bacalhau capturado antes da desova, que acontece nas zonas costeiras da Noruega após uma migração de mais de 1.000 quilómetros contra as correntes das águas frias do Mar de Barents.

Ali chegado, o ‘skrei’ (palavra norueguesa que designa aquele que anda/corre/caminha e que distingue este bacalhau do convencional, que não migra) percorreu sem se alimentar uma distância média diária superior a uma meia maratona, o que o tornou “mais musculado e carnudo” do que o bacalhau fresco convencional, apresentando uma textura “mais firme e rica”, próxima da lagosta.

E, afirma Johnny Thomassen, se houve uma altura em que a distância não permitia o consumo do ‘skrei’, fresco, em países longínquos como Portugal, atualmente é possível transportá-lo desde a Noruega em apenas cinco dias, pelo que os portugueses já podem consumir este “peixe nobre” da maneira “como tradicionalmente os noruegueses o comem”.

E acrescenta, com a “oportunidade fantástica” de o combinarem com as técnicas da gastronomia portuguesa, que “é das melhores do mundo”.

“Se dos 57 quilos ‘per capita’ de bacalhau consumido em Portugal por volta de um quilo fosse bacalhau fresco já estaríamos a falar de um consumo de cerca de 20 mil toneladas”, disse.

Este ano, a denominada ‘SkreiFest’ (festa do ‘skrei’) decorre pela primeira vez na cidade do Porto e arranca hoje com uma degustação demonstrativa no Mercado do Bom Sucesso em que participam os ‘chefs’ Rui Martins e António Loureiro (Chefes Cozinheiro do Ano 2016 e 2015, respetivamente).

O programa inclui ainda um roteiro gastronómico com as mais de duas dezenas de restaurantes que se associaram à iniciativa e que irão disponibilizar nas respetivas ementas pratos com ‘skrei’ durante a época em que este vai estar disponível. A partir da próxima semana este bacalhau estará também à venda “em alguns dos principais supermercados” em Portugal.

Atualmente, Portugal importa diretamente 25 mil toneladas de bacalhau salgado seco e 18 mil toneladas de bacalhau salgado verde (para utilização pela indústria) da Noruega, destacando-se como o principal cliente de bacalhau seco deste país nórdico.

[Notícia atualizada às 10h50. Substitui no terceiro parágrafo "500 mil toneladas" por "500 toneladas"]