“A construção da embaixada por si só irá injetar mais de 100 milhões de dólares [84,2 milhões de euros] na economia cabo-verdiana”, disse o embaixador norte-americano em Cabo Verde, Jeff Daigle, durante o lançamento da obra de construção da nova Embaixada dos EUA na cidade da Praia, cerimónia que decorreu no domingo.
“A nova embaixada irá celebrar a arte americana e cabo-verdiana, homenageando os nossos laços de longa data”, afirmou o diplomata, garantindo que as novas instalações vão permitir “ampliar” as relações bilaterais, recorrendo a obra, orçada globalmente em 439 milhões de dólares (370 milhões de euros, o PIB de Cabo Verde esperado para este ano é de 707 milhões de euros), a empreiteiros cabo-verdianos, com partilha das “mais recentes e inovadoras técnicas” de obra.
Para o vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, esta obra, do Departamento de Estado norte-americano, representa “mais um grande marco nas relações de amizade” entre os dois países.
O governante revelou que a nova Embaixada dos EUA ocupará uma área de 4,6 hectares e depois de construída “deverá empregar cerca de 300 pessoas, mais de 90% dos quais cabo-verdianos, com um impacto direto em salários e benefícios que ronda os cinco milhões de dólares [4,2 milhões de euros] anuais”.
“Cabo Verde tem uma relação de grande amizade com os EUA, de há mais de 200 anos, um relacionamento atual muito próximo e certamente que a evolução será igualmente muito positiva”, reconheceu Olavo Correia, que é também ministro das Finanças cabo-verdiano.
A Lusa noticiou em abril deste ano que a Câmara da Praia fixou em 2,5 milhões de dólares a venda de um lote de terreno no centro da capital cabo-verdiana ao Governo dos EUA para a construção da nova embaixada.
Os termos da venda constam de uma deliberação da Assembleia Municipal da capital cabo-verdiana, publicada em 27 de abril, aprovando as várias adendas ao negócio, acordado em 2019 e que após o Departamento de Estado dos EUA ter acionado o direito de preferência, envolve um lote de terreno que passa dos anteriores 22.506 metros quadrados (m2) para 23.119,34 m2.
Com estas alterações, o negócio de venda do terreno, na Várzea da Companhia, em pleno centro da cidade da Praia, passa dos 2.450.000 dólares (cerca de dois milhões de euros) previstos anteriormente para 2.516.768 dólares (quase 2,1 milhões de euros), conforme consta da deliberação municipal que aprovou por unanimidade o novo contrato com os EUA.
De acordo com as autoridades cabo-verdianas, o projeto para a construção da nova Embaixada dos EUA envolveu a aquisição ao Estado de Cabo Verde, por quase cinco milhões de euros, da Escola Secundária Cónego Jacinto, e deste terreno da Câmara da Praia, que é contíguo.
Esta obra ainda não arrancou, sendo que a Escola Secundária Cónego Jacinto, que entrou em funcionamento no ano letivo de 1992/93, situada na zona baixa da cidade da Praia, alberga 1.800 alunos, 110 professores e 20 funcionários, segundo dados de 2019.
Na mesma altura, o então ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo Verde, Luís Filipe Tavares, garantiu que a obra só avançaria após a transição dos alunos para a nova escola.
“A decisão de construção de uma embaixada de raiz dos Estados Unidos em Cabo Verde acontece 200 anos após o estabelecimento das relações consulares e 44 anos após o início de estabelecimento de relações diplomáticas”, disse na altura o ministro, esclarecendo os contornos do negócio.
Com a venda da propriedade do Estado, que ocupa uma área de quase 13 mil metros quadrados, o Governo vai receber 5,8 milhões de dólares (4,8 milhões de euros). O negócio prevê que o edifício regresse à posse do Estado de Cabo Verde em caso de incumprimento ou desvio em relação ao fim que justificou a venda.
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