As propostas, incluídas num documento interno do Departamento que supostamente está a ser discutido por funcionários de alto nível, eliminariam quase todo o financiamento para organizações internacionais como as Nações Unidas e a NATO.

A realizar-se a lista o encerramento de embaixadas e consulados faria da presença mundial americana menor que a da China. Esta não é a primeira vez no mandato de Trump que se fala em encerrar a representação diplomática nos Açores. O motivo em março era o mesmo, mas o motor eram os cortes do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) de Elon Musk. Na altura, o  Governo português negou que a administração norte-americana, presidida por Donald Trump, tivesse decidido encerrar o consulado de Ponta Delgada, nos Açores, classificando como especulação as notícias que davam conta dessa medida no verão.

Também apoio financeiro para a manutenção da paz internacional seria reduzido, assim como os fundos para intercâmbios educacionais e culturais, como o programa Fulbright, uma das bolsas de estudo mais prestigiosas dos Estados Unidos.

O plano surge num momento em que o presidente Donald Trump pressiona para reduzir os gastos do governo e o papel de liderança dos Estados Unidos no cenário internacional.

No entanto, a Associação Americana de Negócios Estrangeiros chamou os cortes propostos de "imprudentes e perigosos", enquanto que o ex-embaixador americano em Moscovo, Michael McFaul, apelidou-os como sendo "um presente gigantesco ao Partido Comunista Chinês".

O memorando indica que o Departamento de Estado solicitará um orçamento de 28,4 mil milhões de dólares  para o ano fiscal de 2026, que começa em 1º de outubro, 26 bilhões de dólares a menos que o valor de 2025, segundo o The New York Times.

Somente o Congresso, controlado pelos republicanos mas que exige votos democratas para aprovar a maioria das leis, tem autoridade para promulgar os cortes. Mas as propostas provavelmente terão destaque nas negociações sobre o orçamento de 2026.

Não está claro se o secretário de Estado, Marco Rubio, apoiou o memorando de 10 de abril, mas qualquer corte precisa de ser aprovado por si antes que o Congresso possa considerá-lo.

A AFP entrou em contato com o Departamento de Estado, mas não recebeu resposta.

Na rubrica Explica-me Isto, o investigador Tomé Gomes Ribeiro lembrou a importância estratégica dos Açores para os EUA, e a afinidade cultural dos açoreanos aos EUA.

Acrescentou que os EUA "dificilmente aceitariam ficar sem acesso aos Açores se Portugal escolhesse outro caminho". E que para os açoreanos além de "um sentimento de negligência em relação a Lisboa" há uma afinidade cultural com a presença dos americanos na ilha Terceira. Assegura que tal como a Gronelândia "pensa que Copenhaga não investe o suficiente na Gronelândia, também os Açores pensam que Lisboa não investe o suficiente nos Açores." Mas os Estados Unidos substituem o Governo Central amiúde, sempre que necessário.

*Com AFP