Na conferência-debate “Novo Aeroporto”, realizada na Assembleia da República, em Lisboa, por iniciativa da Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, Fernando Medina (Lisboa), Nuno Canta (Montijo) e Rui Garcia, presidente do município da Moita e também da Associação de Municípios da Região de Setúbal, concordaram acerca da urgência da concretização do projeto, que é considerado essencial desde há décadas.

“A solução que me foi apresentada [Montijo], não sendo a solução ideal, que nunca é nenhuma, é uma solução compatível com o quadro que temos, a urgência de se avançar rápido, a possibilidade de se avançar rápido e a possibilidade de se encontrar uma solução que, do ponto de vista das necessidades do investimento, não desequilibre o que é o produto aeroportuário oferecido por Lisboa”, afirmou Fernando Medina (PS), destacando a necessidade de urgência na decisão.

“Foi um erro não se ter decidido antes”, disse o autarca de Lisboa, salientando que se chegou à situação em que a falta de um novo aeroporto “pode constituir um bloqueio ao crescimento e ao emprego”, além de que tem vindo a prejudicar a cidade, que “tem vindo a adiar um conjunto de investimentos estratégicos, dependente da decisão de localização do aeroporto”.

Numa altura em que faltam concluir estudos de impacto ambiental – que o presidente da ANA — Aeroportos de Portugal estima que estejam disponíveis no final deste ano -, Nuno Canta (PS) defendeu a opção Montijo “como a mais adequada” para afirmar “a coesão territorial da Área Metropolitana de Lisboa (AML) e reduzir particularmente as assimetrias territoriais”, desenvolver o estuário do Tejo, atrair investimento, criar riqueza e novos empregos necessários na península de Setúbal, além de resolver a capacidade aeroportuária de Lisboa.

Opinião diferente tem Rui Garcia (CDU), presidente da Câmara da Moita e da Associação de Municípios da Região de Setúbal, que defendeu a localização na região, mas no campo de tiro de Alcochete.

“Para os municípios da região de Setúbal, com a exceção do Montijo, este cenário de mera instalação de um terminal de passageiros ‘low cost’ não se configura com dimensão para constituir impacto relevante na economia da nossa região, ao contrário do que aconteceria com a prevista construção no campo de tiro, seja ao nível da criação de emprego, seja no que respeita a atração de investimento à ligação ao tecido económico local”, considerou.

Para este autarca, optar pelo Montijo é “substituir o acolhimento de um equipamento estruturante, capaz de um impulso determinante para o crescimento económico, por um investimento comparativamente diminuto, que se aponta como meramente complementar do Aeroporto da Portela”.

Para Rui Garcia, a instalação do novo aeroporto no Montijo “apenas traduz, da parte do Governo, a renúncia a uma visão estratégica do futuro” na atividade aeroportuária, do ordenamento do território e do desenvolvimento da AML.