O PS requereu hoje os depoimentos por escrito do ex-Presidente Cavaco Silva, dos antigos primeiros-ministros Durão Barroso e Passos Coelho e a audição presencial do ex-comissário europeu Carlos Moedas, e atual candidato à Câmara de Lisboa, na comissão de inquérito do Novo Banco.

“Aproveitando a embalagem, o PS podia chamar também ao processo Vladimiro Feliz e António Oliveira. Era três em um”, ironizou Rui Rio, numa publicação na rede social Twitter.
Vladimiro Feliz foi anunciado pelo presidente do PSD como candidato à Câmara Municipal do Porto na terça-feira, e António Oliveira para Vila Nova de Gaia, na mesma ocasião, depois de Carlos Moedas ter sido revelado como o nome escolhido pelos sociais-democratas para Lisboa no final de fevereiro.

O anúncio dos pedidos do PS foi feito no parlamento pelo coordenador do PS nesta comissão de inquérito, João Paulo Correia, um dia depois da audição de José Honório, ex-administrador do BES e Novo Banco, que segundo o socialista revelou que o antigo presidente do BES Ricardo Salgado entregou, em 2014, um memorando a cada uma das autoridades políticas em que dava conta do “buraco gigante em que estava enfiado o GES”.

“Passadas poucas semanas, depois destas reuniões que Ricardo Salgado teve com todas estas autoridades políticas, depois de conhecerem a dimensão do buraco do Grupo Espírito Santo, decorreu o aumento de capital do BES de cerca de mil milhões de euros”, referiu, considerando que as autoridades políticas, europeias e nacionais, “nada fizeram para impedir este aumento de capital que gerou milhares de lesados” em Portugal.

Para o PS, há responsabilidades que “não estão suficientemente esclarecidas por parte destas autoridades políticas”.

“Neste sentido, o grupo parlamentar do PS irá requerer o depoimento escrito dos responsáveis políticos que sabiam do buraco do BES antes do aumento do capital e por isso iremos requerer os depoimentos escritos de Cavaco Silva, de Durão Barroso, de Pedro Passos Coelho e iremos requerer a audição presencial do doutor Carlos Moedas, uma vez que os ex-presidentes da República e os ex-primeiro-ministros gozam de uma prerrogativa regimental de só poderem depor por escrito nas comissões de inquérito”, referiu.

Carlos Moedas, que era neste período secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, será o candidato da coligação PSD/CDS-PP à Câmara de Lisboa nas próximas eleições autárquicas.