O executivo liderado por Pedro Sánchez, que foi reconduzido no cargo na semana passada pelo parlamento, é uma coligação formada pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e pelo Somar, uma plataforma de esquerda liderada pela ministra do Trabalho e uma das vice-presidentes do executivo, Yolanda Díaz (que se mantém nas mesmas funções da legislatura anterior).

O Somar, que ficou com cinco ministérios, sucedeu este ano à plataforma de esquerda e extrema-esquerda Unidas Podemos, que esteve na coligação da legislatura passada e era liderada pelo partido Podemos.

O Podemos foi absorvido pelo Somar, elegeu cinco deputados dento das listas da nova plataforma de esquerda, mas ficou agora sem qualquer ministério, depois de meses de confronto e rutura pública com Yolanda Díaz.

Depois de conhecida a composição do novo Governo, dois porta-vozes do Podemos disseram hoje, numa conferência de imprensa em Madrid, que o partido “foi expulso” do Conselho de Ministros por Pedro Sánchez e Yolanda Díaz e que “ganhou a ala mais conservadora” do executivo.

Os dois porta-vozes falaram em “reforçar a autonomia política do Podemos” a partir de agora, mas sem esclarecerem se os deputados do partido vão sair do grupo parlamentar do Somar, num parlamento dividido em dois blocos em que uma diferença de cinco votos pode impedir a aprovação de leis.

O Podemos, fundado por Pablo Iglesias, é um dos partidos que em 2015 acabou com o bipartidarismo do PSOE e do Partido Popular (PP, direita), quando elegeu 42 deputados e chegou a rivalizar com os socialistas no tamanho da bancada parlamentar.

O novo Governo espanhol tem 22 ministros, além do próprio Sánchez, e 13 são caras que já estavam no executivo anterior, manteando-se os mesmos nomes em pastas consideradas de Estado, como Defesa, Negócios Estrangeiros, Administração Interna, Economia, Finanças ou Trabalho.

Sánchez vai ter nesta legislatura quatro vice-presidentes, todas mulheres (as ministras da Economia, Trabalho, Transição Ecológica e Finanças) e criou um novo Ministério da Habitação.

O chefe do Governo foi buscar nomes com experiência na administração municipal e autonómica, como o próprio realçou hoje, numa declaração em que apresentou o novo Governo e defendeu que um dos desafios na nova legislatura está relacionado com “a diversidade territorial” de Espanha.

Trata-se de “um fator decisivo que vai ser determinante nesta legislatura marcada pelo diálogo como método e condição necessária para forjar acordos”, afirmou.

Sánchez disse ainda que o novo Governo, além de ser de continuidade em matéria económica e de políticas sociais, vai “priorizar o diálogo e a negociação numa legislatura em que vai ser chave a coesão social e territorial de Espanha”.

PSOE e Somar não têm maioria absoluta no parlamento espanhol e o novo executivo foi viabilizado na semana passado por mais seis partidos nacionalistas e independentistas das Canárias, Catalunha, Galiza e País Basco.

A aprovação de leis no parlamento terá de passar também por negociações com estas formações.

Sánchez disse hoje que a nova equipa de Governo tem “alto perfil político para uma legislatura de alto perfil político”, com pessoas “capazes de gerir, mas também chegar a acordos e explicá-los publicamente” e de “dar estabilidade ao país nos próximos quatro anos”.

Sánchez foi reeleito pelo parlamento na semana passada com 179 votos a favor e 171 contra dos 350 deputados espanhóis.