A moção de censura, apresentada pela coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), recebeu 197 votos a favor na Assembleia Nacional (Câmara baixa), longe da maioria absoluta de 289 necessária para derrubar o novo governo do presidente Emmanuel Macron.
Esta aliança de socialistas, ambientalistas, comunistas e do partido A França Insubmissa (LFI, esquerda radical) venceu as últimas eleições legislativas que o presidente antecipou em junho, após a vitória da extrema-direita nas eleições para o Parlamento Europeu.
Mas em setembro, Macron decidiu nomear Barnier como primeiro-ministro, à frente de um governo apoiado por uma aliança de centro-direita e pelo conservador de Os Republicanos (LR), ao considerar que os 193 deputados da NFP não garantiam estabilidade.
O líder socialista, Olivier Faure, encarregado de defender a moção de censura na plataforma, denunciou um "roubo eleitoral" e disse esperar que a iniciativa permita verificar "quem se opõe ao governo e quem não se opõe", em referência a um apoio implícito da extrema-direita.
"Atualmente ninguém goza de maioria absoluta", "a maioria relativa que acompanha o Governo é hoje a menos relativa", defendeu Barnier perante a Assembleia Nacional, denunciando que a esquerda apresentou a moção de censura antes mesmo de conhecer o seu programa.
A NFP também justificou a sua iniciativa com base nas "orientações políticas" do governo Barnier, que busca intensificar a política contra a migração e cortar os gastos públicos no seu orçamento para 2025, que deve ser apresentado na quinta-feira.
Apesar de superar esta primeira censura, o governo de Barnier pode cair a qualquer momento, já que a sua sobrevivência depende neste momento da vontade da extrema-direita.
O partido Reagrupamento Nacional (RN), da líder ultradireitista Marine Le Pen, que enfrenta um julgamento por apropriação indevida de fundos públicos europeus, anunciou que não o fará enquanto conseguir influenciar as suas políticas.
O RN também se absteve, nesta terça-feira, na decisão da mesa da Assembleia Nacional de enterrar a proposta de destituição de Macron, apresentada pela LFI e que uma comissão parlamentar já rejeitou na semana passada.
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