O vice-diretor-geral da OMS para a Preparação e Resposta a Emergências, Peter Salama, afirmou hoje que, de acordo com os resultados de laboratório mais recentes, "parece muito provável que se confirme que se trate da estirpe Zaire". Na próxima terça-feira são esperados os resultados da análise da sequência genética da estirpe.
Até ao momento, foram confirmados quatro casos de Ébola e registaram-se 20 mortes, mas a organização “ainda não pode afirmar se se trata de casos prováveis ou confirmados”, acrescentou.
Suspeita-se que o “doente zero” do novo surto possa ser uma mulher de 65 anos que morreu em finais de julho num hospital de Mangina e que foi enterrada sem terem sido adotadas medidas para prevenir a expansão da epidemia. A mulher tinha sintomas coincidentes com o Ébola e mais tarde morreram sete dos seus familiares mais diretos.
O responsável da OMS explicou, em conferência de imprensa, que se trata do mesmo tipo do anterior surto de Ébola - que provocou 33 mortos - na província de Equador (noroeste da República Democrática do Congo), cujo fim foi declarado oito dias antes de surgirem novas infeções, agora na província do Kivu do Norte e perto da fronteira com o Uganda.
“Se se confirmar que é o Zaire, entram em jogo as vacinas e estamos a preparar já isso”, afirmou o responsável da OMS que diz que esta é "uma notícia simultaneamente boa e muito má”, uma vez que a variante Zairte é a "mais mortífera" mas que "apesar de se tratar de um produto ainda em investigação, temos uma vacina segura que poderíamos mobilizar” a partir de Kinshasa, onde a OMS dispõe de 3.000 doses da vacina, referiu.
“Podemos mobilizar até mais 300.000 muito em breve”, adiantou o vice-diretor-geral, que advertiu que a dificuldade consiste em reconstituir todos os contactos com o vírus numa área vasta e numa “zona de guerra onde há muito pouco acesso”. De relembrar que na região e em redor de Kivu do Norte atuam mais de cem grupos armados.
A proximidade de Kivu do Norte com o Uganda, apenas com 50 quilómetros do epicentro do surto tem levado a OMS a preparar planos de emergência. A OMS tem no terreno 30 especialistas e mais 50 preparados para agir, numa altura em que são conhecidos "prováveis casos de contacto [com o vírus] em dez localizações” , todos em Mangina ou em redor desta localidade, apesar de Peter Salama afirmar que existem casos suspeitos na província de Ituri e na cidade de Beni.
No Kivu do Norte, 1,8 milhões de habitantes são deslocados internos e há uma saída importante de refugiados em direção ao Uganda, Tanzânia e Burundi, o que pode levar à “exportação de doenças contagiosas”, indicou o especialista.
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