“Dizem que é uma prática normal no hospital fazê-lo. E os resultados deram negativo”, disse hoje o porta-voz, no encontro diário com correspondentes de política acreditados junto do Downing Street, a residência oficial do chefe do governo.
O porta-voz confirmou que Johnson está em Chequers Court, a residência de campo, a recuperar, não existindo uma data para o seu regresso ao trabalho, embora tenha falado durante o fim-de-semana com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, designado para chefiar o executivo durante a sua ausência.
O primeiro-ministro britânico recebeu alta no domingo do hospital St. Thomas, em Londres, onde esteve internado desde 05 de abril, incluindo três noites nos cuidados intensivos.
Hospitalizado 10 dias após a confirmação de contágio, inicialmente foi comunicado que esta era uma medida de “por precaução” para fazer testes devido a “sintomas persistentes” da doença, tendo sido revelado depois que necessitou de apoio respiratório com oxigénio.
A 06 de abril, passou para a unidade de cuidados intensivos, mas o governo garante que não foi necessária o uso de ventilador, e regressou à enfermaria normal a 09 de abril.
Num depoimento tornado público no sábado à noite, Boris Johnson, agradeceu aos profissionais de saúde que o trataram, acrescentando: “Devo-lhes a minha vida”.
No domingo, após sair do hospital, publicou um vídeo onde reconheceu que esteve em risco de vida e nomeou alguns dos médicos e enfermeiros que o assistiram, com destaque para, entre outros, Luis Pitarma, português de 29 anos natural de Aveiro.
Boris recupera enquanto o país espera por saber se confinamento vai continuar
Com Boris Johnson ainda a recuperar-se, o governo terá de tomar uma decisão até quinta-feira sobre o eventual prolongamento do regime de confinamento do país, o qual vários ministros e assessores médicos e científicos deixaram entender nos últimos dias que deverá acontecer.
"Deixem-me esclarecer, para que ninguém tenha ilusões: é pouco provável que a revisão das medidas de contenção resulte no levantamento das restrições num futuro próximo", disse esta segunda a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, num discurso oficial.
"As medidas que estamos a adotar estão a funcionar, mas precisamos cumpri-las", ressaltou.
As autoridades britânicas afirmaram que é preciso esperar até que o pico da pandemia seja ultrapassado para suavizar as medidas em vigor.
E, se essa primeira extensão, da ordem da formalidade, for decidida sem Boris Johnson, o líder acabará por abordar a espinhosa questão do levantamento do confinamento e das modalidades em que este poderá ocorrer. E o assunto divide o governo.
De acordo com o jornal conservador "The Times", o governo agora está dividido em dois grupos. No primeiro, estão ministros partidários de um curto período de confinamento, até maio. Entre eles, o ministro do Interior, Priti Patel; o das Finanças, Rishi Sunak; e do Comércio, Alok Sharma. No outro, estão aqueles que pedem uma extensão das medidas por mais três semanas, como o ministro da Saúde, Matt Hancock.
Sob condição de anonimato, um ministro explicou ao jornal que é importante não causar "mais danos", prolongando "desnecessariamente" um confinamento com consequências económicas devastadoras.
Os conselheiros científicos do governo vão reunir-se esta terça-feira (14), antes do anúncio oficial do governo na quinta (16).
O número de mortes no Reino Unido devido à pandemia de covid-19 aumentou hoje para 11.329, com mais 717 óbitos nas últimas 24 horas, indicou hoje o ministério da saúde britânico.
O número total de casos de contágio é agora de 88.621, mais 4.342 do que no dia anterior, acrescentou.
No domingo, tinha sido registado 737 mortes e 5.288 novos casos de pessoas infetadas.
Os números das mortes referem-se apenas a pacientes diagnosticados com covid-19 que morreram no hospital até às 17:00 horas da véspera e são compilados a partir de dados das direções regionais de Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
O número de pessoas infetadas é contabilizado de forma diferente e inclui os diagnósticos feitos até às 9:00 horas de hoje.
Entretanto, hoje o ministro das Finanças, Rishi Sunak, anunciou um reforço de 16 mil milhões de libras (16 mil milhões de euros) no financiamento dos serviços públicos para enfrentarem a pandemia covid-19.
O ministério da Defesa, por seu turno, colocou 200 militares junto dos serviços de emergência para assumir funções, desde a condução de ambulâncias a responder a chamadas telefónicas e ajudar pessoal médico.
*Com agências
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