As legislativas parciais acontecem apenas 17 dias depois de Johnson sobreviver a uma moção de confiança apresentada por deputados rebeldes do seu partido. As urnas abriram às 7:00 e assim se mantém até às 22:00, e os resultados só devem ser anunciados na manhã de sexta-feira.

Apoiado por 211 do 359 legisladores do partido, o primeiro-ministro garantiu a permanência no cargo, mas os 148 votos contra a sua liderança deixaram evidente o descontentamento entre os conservadores.

Derrotas em Wakefield, um tradicional reduto da esquerda no denominado "muro vermelho" do norte desindustrializado da Inglaterra, que os conservadores conquistaram em 2019, e em Tiverton-Honiton, círculo historicamente conservador do sudoeste do país, aumentariam a irritação dos tories contra o seu líder.

A cadeira de Wakefield ficou vaga quando o deputado conservador Imran Khan foi condenado a 18 meses de prisão por agressão sexual contra um adolescente de 15 anos. Já em Tiverton-Honiton, o seu colega Neil Parish, de 65 anos, renunciou depois de ser apanhado a assistir a um vídeo pornográfico no seu smartphone enquanto estava no Parlamento.

Em caso de revés para os conservadores, a tendência será atribuir o resultado à queda da popularidade de Johnson, considerado um "mentiroso" pela maioria dos britânicos e que enfrenta o descontentamento de uma população que convive com uma inflação histórica, que atingiu 9,1% em maio.

Grande vencedor das legislativas de 2019 graças à promessa de concretizar o Brexit, Johnson deixou de ser considerado um fenómeno nas urnas pelos seus apoiantes, após as derrotas dos conservadores em duas eleições legislativas parciais no ano passado e de um revés nas eleições locais de maio.

Entre os escândalos que afetaram a sua imagem, o primeiro-ministro enfrenta desde dezembro o "partygate", como são conhecidas as várias festas ilegais organizadas em Downing Street em 2020 e 2021 quando as restrições da pandemia de covid proibiam tais encontros.

Johnson recebeu apenas uma multa de 50 libras (62 dólares) por ter participado numa festa organizada por ocasião do seu aniversário de 56 anos, em 19 de junho de 2020, na sala do conselho de ministros. Apesar da punição leve, o primeiro-ministro tornou-se no primeiro chefe de Governo britânico em exercício sancionado por violar a lei.

Johnson pediu desculpas, mas afirmou que não tinha pensado que a breve reunião "poderia constituir uma infração das normas" que ele tinha imposto aos britânicos e rejeitou os pedidos de renúncia da oposição e de alguns dos seus deputados.

Em resposta, alguns dos seus assessores deixaram os cargos em protesto, como John Penrose, o seu "czar anticorrupção" que renunciou em 6 de junho por considerar "bastante claro que (Johnson) infringiu" o código de conduta oficial e que ele também deveria sair do governo.

Dez dias depois, Christopher Geidt, conselheiro do primeiro-ministro para questões de ética e cumprimento do código de ética ministerial, também deixou o governo. Geidt, um ex-diplomata que foi secretário particular da rainha Isabel II por 10 anos, considerou que a ideia de que o primeiro-ministro "possa de alguma forma deliberadamente violar o seu próprio código uma afronta".

Geidt é o segundo conselheiro de ética ministerial a renunciar em três anos, depois de Alex Allan. Este último deixou o governo em 2020, depois de Johnson se ter recusado a aceitar as suas conclusões sobre as alegações de assédio moral feitas contra a ministra do Interior, Priti Patel.

Apesar da vitória no voto de confiança, o primeiro-ministro será objeto em breve de uma investigação parlamentar para determinar se mentiu de maneira deliberada aos deputados quando garantiu que não aconteceram festas em Downing Street, que posteriormente foram sancionadas pela polícia com 126 multas.