No anterior balanço, a Defesa Civil de Gaza tinha reportado 48 mortes nos ataques. Os bombardeamentos ocorreram perto de um posto de gasolina de Al Mawasi, a oeste de Khan Yunis, numa escola administrada pela ONU no campo de refugiados de Nuseirat, e perto de uma rotunda em Beit Lahia, segundo a Defesa Civil da Faixa de Gaza.

Outros dois ataques foram realizados contra uma casa em Al Zawaida e uma mesquita no campo de Nuseirat, acrescentou a Defesa Civil.

O Exército israelita confirmou ter bombardeado "terroristas ativos numa escola da UNRWA [agência da ONU para os refugiados palestinianos] na região de Nuseirat" e "um chefe" da Jihad Islâmica "no oeste de Khan Yunis".

Segundo o Exército de Israel, o Hamas "aproveita-se das estruturas civis e da população como escudo humano". Num intervalo de dez dias, pelo menos sete escolas, muitas delas administradas pela UNRWA, foram alvo de ataques das forças israelitas.

Horas antes, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, afirmou que o número de vítimas civis no conflito "ainda é inaceitavelmente elevado".

Desencadeada em 7 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas em solo israelita, a guerra não cessa e as esperanças de uma trégua diminuem, apesar dos esforços dos países mediadores — Qatar, Egito e Estados Unidos.

Um dirigente do Hamas, que denunciou os "massacres" cometidos por Israel "contra civis desarmados" em Gaza, anunciou no domingo que o seu movimento suspendia a sua participação nas negociações de paz indiretas, embora tenha afirmado que está "disposto" a retomá-las quando o governo israelita "mostrar seriedade para concluir um acordo".

Nesta terça-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu que seria necessário redobrar a pressão sobre o Hamas. O Hamas "sofre pressão constante porque estamos a causar-lhe danos, eliminámos os seus principais comandantes e milhares dos seus terroristas. [...] É o momento exato de aumentar ainda mais a pressão", declarou Netanyahu durante uma cerimónia oficial no Monte Herzl, em Jerusalém.

Netanyahu sempre sustentou que continuaria com a guerra até destruir o Hamas — considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia — e conseguir a libertação de todos os reféns.

O conflito eclodiu quando comandos islamistas mataram 1.195 pessoas em outubro de 2023, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelitas. O Exército de Israel estima que 116 pessoas permaneçam em cativeiro em Gaza, 42 das quais terão morrido.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já matou 38.713 pessoas em Gaza, também civis na sua maioria, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Para responder ao "aumento das necessidades operacionais", o Exército israelita anunciou nesta terça-feira que vai começar a emitir avisos de recrutamento para estudantes judeus ultraortodoxos em escolas talmúdicas, que até agora estavam isentos de obrigações militares.

Horas depois, milhares de manifestantes ultraortodoxos entraram em confronto com a polícia em Bnei Brak, uma cidade predominantemente ortodoxa perto de Tel Aviv, segundo um porta-voz das forças de segurança.

O governo israelita também enfrenta uma pressão crescente por parte dos familiares dos reféns. As famílias de cinco mulheres militares mantidas em Gaza desde 7 de outubro imploraram para que Netanyahu chegue a um acordo com o Hamas.

"Senhor primeiro-ministro, imploramos-lhe, pedimos-lhe, por favor, que torne este acordo uma realidade", declarou Sasha Ariev, irmã de Karina Ariev, uma das militares em cativeiro, durante uma conferência de imprensa em Tel Aviv.

A guerra obrigou 90% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza a abandonarem as suas casas, além do sofrimento provocado pela escassez de mantimentos, água, remédios e eletricidade resultante do cerco total de Israel.

Nesta terça-feira, as estações de bombeamento de esgoto de Deir al Balah, no centro da Faixa de Gaza, deixaram de operar "devido ao esgotamento do combustível necessário para o seu funcionamento", segundo um comunicado municipal. A situação gera temores de "uma catástrofe sanitária e ambiental para mais de 700 mil pessoas", aponta o documento.

O conflito também intensificou as tensões na fronteira entre Israel e Líbano, onde há troca de fogo entre as forças israelitas e o movimento xiita libanês Hezbollah — aliado do Hamas — quase todos os dias.

Cinco pessoas, entre elas três crianças sírias, morreram nesta terça-feira em bombardeamentos no sul do Líbano, e o Hezbollah anunciou que lançou foguetes contra Israel em resposta a um desses ataques, segundo informações da agência oficial de notícias libanesa NNA (na sigla em inglês).