O relatório “International Migration Outlook” (Perspetivas das Migrações Internacionais), hoje divulgado pela OCDE, revela que o número de pedidos de asilo disparou para o dobro. Em 2015 huve 1,65 milhões de pedidos de asilo, dos quais 25 por cento foram feitos por sírios e 16 por cento por afegãos, de acordo com dados preliminares relativos a 2015,
Quase 80 por cento do mais de meio milhão de novos requerentes de asilo procuraram os países europeus que integram a zona da OCDE, com a Alemanha a liderar as preferências, registando 440 mil pedidos de asilo formais e mais de um milhão de pré-registos. Mas foi a Suécia que recebeu o maior número de pedidos proporcionalmente à população (1,6 por cento).
No entanto, e ao contrário do que se poderia pensar, um em cada três novos migrantes na zona é oriundo de outro país da OCDE. “A migração de Roménia, Bulgária, Itália e França aumentou acentuadamente em 2014”, especifica o relatório.
Em geral, “a migração está a aumentar, tendo regressado ao seu nível pré-crise”, resume o documento. Pelo segundo ano consecutivo, “os fluxos de migração permanente aumentaram acentuadamente na zona da OCDE”, para onde “cerca de 4,8 milhões de pessoas migraram de forma permanente” em 2015 – mais 10 por cento do que em 2014.
Assinalando que “não se registaram alterações importantes às políticas de migração da OCDE em 2015-16”, a organização destaca que, “nos países mais afetados pela crise dos refugiados, foram intensificadas as medidas destinadas à integração dos requerentes de asilo e dos refugiados” e que “vários países reduziram os tempos de espera para a entrada no mercado de trabalho, ou facilitaram um acesso precoce aos cursos de línguas e à avaliação das competências”.
Entre os bons exemplos, a OCDE refere que “as despesas com a educação e cursos de línguas aumentaram na Áustria, Finlândia, Alemanha, Noruega e Suécia”.
Porém, “a proteção temporária e subsidiária continua a ser a resposta mais comum a surtos de requerentes de asilo, incluindo a crise atual”, assinala, referindo que “vias alternativas, como os canais do trabalho, dos estudos no estrangeiro e da família, ou os vistos humanitários e os programas patrocinados por entidades privadas, não fazem parte da atual resposta”.
Ora, alerta a OCDE, “as crises prolongadas geram tensões crescentes entre a necessidade de soluções duradouras e a preferência generalizada por medidas de proteção de curto prazo”.
A OCDE analisa ainda os efeitos das migrações, assinalando que “os imigrantes estão sobre representados nas zonas urbanas” e que, por isso. “o impacto da migração ao nível local não deve ser subestimado”, pois “influxos grandes e repentinos poderão exacerbar problemas estruturais de longa data em termos das infraestruturas locais”.
Nesse sentido, a organização apela ao “reconhecimento de que a migração não constitui a causa principal destes desafios”, como “passo importante na reconciliação entre a opinião pública, que é frequentemente negativa, e os factos” relativos aos imigrantes.
Por exemplo, face à ideia de que os imigrantes tiram emprego aos autóctones, é importante recordar que a taxa de desemprego naquele grupo é superior (9,3 por cento, para 7,3 por cento entre os nativos).
Por isso, a “crescente retaliação anti-imigração” obriga os países a colaborarem para sublinhar “as muitas oportunidades que as migrações oferecem às sociedades e economias recetoras”, frisa a organização.
O relatório da OCDE mostra que “a imigração é positiva a médio e longo prazos para as finanças públicas, o crescimento económico e o mercado de trabalho”, frisou o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, no lançamento do relatório.
“Para contrariar a crescente onda anti-imigração, os governos precisam de explicar esses benefícios de uma forma clara e inequívoca, bem como os métodos que vão utilizar para gerir estes fluxos, ao mesmo tempo que desenvolvem políticas de migração e integração mais eficazes, para maximizar o contributo que os recém-chegados podem dar aos seus países”, defendeu, considerando que “o grande desafio, agora, é a integração”.
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