O Air Race Championship estreou-se em 2014 em Cascais com grande sucesso. Dois anos depois o espetáculo repete-se em Lisboa. Este ano o destino é Ponte de Sor, uma cidade no interior do país. Porquê esta opção?

Nuno Molarinho (N.M.): O ano passado estivemos presentes no Portugal Air Summit 2017 e estávamos expectantes para ver o que ia acontecer, e por isso decidimos não avançar. O Air Race Championship é uma criação nossa. Em 2014 estreámo-nos em Cascais e em janeiro de 2016 evoluímos para um Air Training. No mesmo ano apresentámos as corridas junto à Ponte Vasco da Gama, em Lisboa. Isto faz parte de um programa de showcase. As corridas precisam de maturidade. Há um conjunto de coisas que não podem acontecer logo, mesmo que haja dinheiro envolvido. Em Portugal, decidimos avançar com este projeto fazendo-o em várias localidades. O ano passado havia muita coisa em jogo, desde conferências a expositores e decidimos não avançar. No entanto, prometi ao Hugo Hilário, presidente do Município de Ponte de Sor, que se tudo corresse bem, em 2018 estaríamos cá. Para além de ser um grande investimento da empresa, tivemos o cuidado de colocar este evento numa posição de valorização e conseguimos um campeonato internacional. Por isso, este ano, com toda esta estrutura não havia motivo para não estarmos presentes em Ponte de Sor.

Fale-me da corrida...

H.M.: São três classes distintas: a Extreme Class, com aviões muito rápidos e talvez os mais estridentes; a Vintage Class, com oito aviões, e a Sports Class, também com oito aviões. Temos aqui cerca de 19 aviões a competir.

Os pilotos chegam-nos de que países?

H.M.: Temos ingleses, franceses, espanhóis e três portugueses da Vintage Class. Todos com uma experiência brutal e uma carreira longa onde voaram a jato, a alta velocidade e baixa altitude. Não é muito fácil arranjar jovens pilotos e colocá-los aqui. Têm de ter alguma consistência.

A segurança tem de ser uma prioridade?

H.M.: A nossa preocupação é construir um modelo de negócio que faça sentido. Dou-lhe um exemplo: Se tivesse um filho pequeno e quisesse que ele fosse piloto de carros comprava-lhe um kart e com o tempo ia evoluindo. Se no final da carreira conseguisse que ele fosse para a Fórmula 1 seria ótimo. Aqui, os miúdos começam a carreira com 18 anos, supostamente semiprofissionais, e o nosso desafio é arranjar um grupo suficiente de pilotos, com idades compreendidas entre os 30 e os 50 anos, e com uma forte experiência.

Para quem nunca teve oportunidade de assistir a uma corrida deste género, o que lhe diria?

H.M.: Vou contar-lhe uma história. O nosso manager está connosco desde 2013, altura em que começámos, e trata de toda a parte conceptual do evento. Sempre esteve com um pé atrás em relação a esta localização. Há quatro anos, quando chegou a Ponte de Sor, estávamos todos a treinar e ele telefona-me e diz-me: 'estou convencido'. É inacreditável ver oito aviões que partem em voo, mergulham mais ou menos a 50 metros de altitude e andam a voar atrás uns dos outros. Só mesmo visto. É um espetáculo único e imperdível.

Este é um desporto apaixonante não apenas para quem o pratica mas também para o público. Sente que de evento para evento há mais pessoas a assistir?

H.M.: Sim, este é um desporto muito eclético. Agarra desde as crianças aos menos jovens. Depois tem a particularidade da velocidade, do cheiro, do barulho e obviamente de toda esta dinâmica. O mundo aeronáutico é muito misterioso e envolve muita coisa. Mesmo as pessoas que não estão por dentro do assunto acham tudo fantástico.