"O governador precisa de prestar contas. O que fez comigo é um crime. Ele violou a lei", declarou Brittany Commisso à CBS News.
A mulher, que entrou com uma ação criminal contra o político na semana passada na capital do estado de Nova Iorque, Albany, detalhou as suas alegações, num momento em que Cuomo enfrenta pressão para renunciar e possíveis batalhas judiciais.
Commisso é uma das onze mulheres citadas no relatório divulgado na semana passada pela procuradora-geral do estado de Nova Iorque, Letitia James, que acusa Cuomo de assédio sexual. No documento, é identificada de maneira anónima como "assistente de direção #1".
"Eu também sou Brittany Commisso. Sou uma mulher, tenho uma voz e decidi usá-la", afirmou na entrevista. "Para mim, era um trabalho de sonho e infelizmente tornou-se num pesadelo", completou.
Em 25 minutos de extratos da entrevista divulgados nesta segunda-feira pela CBS, a mulher narra como o governador passou de "abraços de despedida" a "abraços cada vez mais apertados com beijos na bochecha".
Finalmente, numa ocasião, Cuomo "virou rapidamente o rosto para me beijar na boca", acusou. Commisso também lembrou dois incidentes mencionados no relatório, o primeiro quando o governador terá agarrado o seu traseiro ao tirar uma 'selfie', e depois, em novembro de 2020, na sua residência oficial, quando terá passado a mão por baixo da blusa para tocar nos seus seios.
Na última terça-feira, o governador negou as acusações. "Quero que saibam diretamente por mim que nunca toquei em ninguém de forma inadequada ou fiz avanços sexuais inadequados", defendeu num discurso transmitido pela televisão, no qual não deu nenhuma indicação de que estava a pensar em renunciar ao cargo que ocupa.
"Talvez para ele, ele pensasse que isto era normal. Mas para mim e as outras mulheres com quem ele fez essas coisas, não foi. Não foi bem-vindo e certamente não foi consensual", afirmou Commisso.
A entrevista foi para o ar dias depois de Melissa DeRosa, descrita pelos media de Nova Iorque como uma das colaboradoras mais próximas do governador, anunciou a sua renúncia.
De Rosa foi apontada no explosivo relatório da procuradoria de Nova Iorque como parte de um grupo que procurava retaliar contra uma das mulheres que acusaram o governador. Na sua carta de renúncia - tornada pública por vários meios de comunicação norte-americanos no domingo - DeRosa escreveu que os últimos dois anos "foram emocional e mentalmente difíceis".
Apesar da pressão crescente, Cuomo rejeitou os pedidos do presidente Joe Biden e de outros líderes democratas para que entregue o cargo, enquanto legisladores estaduais mobilizam-se para destitui-lo.
O governador enfrenta um possível julgamento de impeachment que, segundo os legisladores, pode ser realizado rapidamente.
"Os membros (da assembleia estadual) não acreditam que o governador possa permanecer no cargo", disse o porta-voz da Câmara, Carl Heastie, um democrata. "É um problema que será resolvido numa questão de semanas, em vez de meses."
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