"O Grito", a série de quatro pinturas realizadas pelo pintor norueguês entre 1893 e 1910, está a mudar de cor. Parte das pinceladas amarelo-alaranjadas estão agora brancas. Mais, foram encontrados pequeníssimos cristais que estão a multiplicar-se por várias zonas da composição, desde a boca da figura andrógina central até ao céu e à água, devido à oxidação de sulfato e carbonato de cádmio (dois químicos utilizados, na época, na tinta).

A descoberta foi feita por especialistas do Museu Munch, em Oslo, que estuda o fenómeno desde 2012. O fenómeno, relatado pelo The New York Times, está a ser estudado com recurso à mais recente tecnologia: raios-x, laser, microscópios de electrões.

O quadro, roubado em 2004 do Museu Munch e recuperado dois anos depois, está a ser estudando por cientistas noruegueses e americanos. Os responsáveis pela investigação contam com a equipa do Laboratório Científico de Análises de Belas Artes de Harlem, em Nova Iorque, liderada por Jennifer Mass.

A obra de Munch não é, no entanto, a única a sofrer alterações. Também "Os Girassóis", de Van Gogh, em exposição no museu em Amesterdão com o nome do pintor, está a sofrer alterações com os amarelos a ficar castanhos e os roxos a ficar azuis.

Nestes casos, e de acordo com as várias investigações já conduzidas, não será possível recuperar os tons originais através das técnicas de conservação, mas a ideia é que os mesmos sejam “reconstruídos” de forma digital.

Os cientistas explicam essa dificuldade a impossibilidade de replicar os químicos e a pigmentação das tintas utilizadas na altura em que os quadros foram pintados.