No início da pandemia Covid-19, em 2020, a antiga Rainha de Inglaterra Isabel II tentou inspirar a nação com uma frase da velha canção de Vera Lynn "We’ll Meet Again". Naquela altura, a frase, outrora um hino de despedida na altura da Segunda Guerra Mundial, inspirou toda uma nação a ter esperança no reencontro com os que mais amavam. Hoje, na mais pequena e menos real República Portuguesa, também Marcelo Rebelo de Sousa desejou voltar a ver António Costa nas "encruzilhadas do serviço de Portugal".
Este foi um desejo transmitido pelo Presidente no último Conselho de Ministros de António Costa. Marcelo salientou que, apesar de 8 anos de convívio com um primeiro-ministro do polo político oposto, admitiu que "houve solidariedade".
"Senhor primeiro-ministro, não quer isto dizer que seja a última vez que nos encontramos nestas encruzilhadas do serviço de Portugal. O mundo não acaba hoje, a vida não acaba hoje, e isto significa que um e outro estamos vivos e de plena saúde. Não há razão para não nos encontrarmos noutras encruzilhadas também pensando em Portugal", disse Marcelo, seguindo-se um cumprimento amigável entre o primeiro-ministro e o Presidente.
Nesta declaração aos jornalistas, o chefe de Estado deu destaque à relação entre as instituições e salientou que este "não é um sistema fácil, exige solidariedade". "Exige além de uma solidariedade institucional — colocar problemas das relações institucionais acima daquilo que são posições dos hemisférios de origem, neste caso de esquerda, no meu caso de direita — colocar acima disso a relação entre instituições", sublinhou.
Referiu-se ainda aos problemas que exigem o "diálogo institucional", porém, apesar de não ter existido sempre acordo, "houve solidariedade" em três governos diferentes.
Já António Costa, que falou primeiro, salientou que "queria agradecer estes oito anos que, certamente, nem sempre coincidimos, mas onde creio que dificilmente será possível encontrar outro período em que as relações tenham seguido de forma tão fluida, cooperativa e solidária como aconteceu".
Prosseguiu depois para salientar os três diplomas aprovados, tendo sido feita uma avaliação da fase de execução do PRR: "tendo aprovado, na generalidade, três diplomas que são indispensáveis para a apresentação integral do quinto pagamento". Dois destes diplomas são relativos à orgânica da Administração Pública e uma proposta de lei relativa aos incentivos para o melhor funcionamento do mercado de capitais.
Foi também aprovado um projeto de lei sobre carreiras no ensino superior e na investigação e um projeto de lei para o mecenato da área da Cultura.
"Por fim, dois temas de fundo", uma reforma da propriedade rústica e o "único diploma" que o Governo tem "competência para aprovar", a nova estratégia nacional para a inclusão de pessoas em situação de sem-abrigo 2025-2030.
Recorde-se que este encontro marcou a despedida do atual executivo, que vai agora cessar funções. O presidente do PSD, Luís Montenegro, que venceu as eleições legislativas de 10 de março, foi indigitado primeiro-ministro pelo Presidente da República na passada quarta-feira, após uma audiência em Belém, e tomará posse a 2 de abril. Isto acontecerá depois de apresentar a composição do novo governo a Marcelo Rebelo de Sousa no dia 28 de março.
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