“Agora não é o fim. Não é sequer o início do fim. Mas é, talvez, o fim do início”.

A frase imortal foi proferida pelo primeiro-ministro Winston Churchill a 10 de novembro de 1942, referindo-se à vitória das forças aliadas sobre as forças do eixo na Segunda Batalha de El Alamein no norte de África, em plena Segunda Guerra Mundial.

O apontamento de Churchill foi o de sinalizar um ponto de viragem na guerra, marcada por sucessivas derrotas das forças britânicas. Era a altura de dar a volta. 

Traçando-se um paralelo de quase 80 anos, hoje não foi atingido o “o fim do início” mas talvez “o princípio do princípio do fim. Num ano que tem sido pródigo em recordes — extraordinariamente negativos, na sua maioria — e datas a assinalar dada a pandemia da covid-19, este dia, 8 de dezembro, teve o condão de ser marcado por uma notícia positiva. 

Hoje foi o dia em que, pela primeira vez, houve pessoas a serem vacinadas à covid-19 num país ocidental, sendo o Reino Unido o país pioneiro neste departamento (a Rússia já se tinha adiantado, se bem que perante a desconfiança pública).

Excluíndo o cariz potencialmente propagandístico com que a data foi sendo antecipada — os britânicos chamaram-lhe “V Day”, num trocadilho entre “vacina” e “vitória” — e o facto do seu cariz precoce ter torcido alguns narizes, está iniciado o esforço de inoculação contra a covid-19. 

Para a história fica também Margaret Keenan, a primeira pessoa no mundo a receber vacina da Pfizer, a tal cuja eficácia se estima estar nos 95%. Recebendo a vacina uma semana antes de fazer 91 anos, Após a tomada da vacina, Keenan exprimiu, aliás, o que tantas pessoas por todo o mundo anseiam.

"Sinto-me muito privilegiada por ser a primeira pessoa a ser vacinada contra a covid-19, é o melhor presente de aniversário antecipado que poderia desejar. Significa que posso finalmente passar algum tempo com a minha família e amigos no Ano Novo, depois de ter estado sozinha a maior parte do ano", disse.

Como tem sido dito e repetido, há, porém, que refrear expectativas, já que nem toda a gente será vacinada ao mesmo tempo. O Natal em condições normais, por exemplo, será impossível, e a normalidade demorará ainda muito a ser recuperada.

Sinal dos desafios que ainda se colocam, um conjunto de peritos apontou hoje que a imunidade de grupo não vai  ser atingida ao mesmo tempo por todos os países do mundo. Os EUA deverão atingi-la no segundo trimestre de 2021, com a Europa a conseguir o mesmo no terceiro, de acordo com as projeções. Já a China, por exemplo, poderá apenas fazê-lo em 2022 e a Índia em 2023.

Os cálculos dependerão, porém, da disponibilidade das vacinas e da sua efetividade contra a doença. Hoje, por exemplo, foram adiantados mais resultados da vacina Oxford/AstraZeneca, confirmando uma eficácia de 70 até 90%.

O estudo é o primeiro a ser publicado após a análise por outros cientistas [‘peer reviewed’] aos resultados preliminares da fase 3 de uma vacina contra o SARS-CoV-2, a partir de testes clínicos feitos com 11.636 voluntários no Reino Unido e no Brasil.

A análise conjunta aos resultados mostra que a eficácia média da vacina, pelo menos 14 dias após a segunda dose, foi de 70,4%, tendo mostrado uma eficácia de 62,1% quando os voluntários receberam duas doses completas, e 90% quando receberam uma dose mais baixa seguida de uma dose completa.

Esta é uma das quatro que estão garantidas para Portugal, somando-se às da Johnson & Johnson's, Moderna e Pfizer/BioNTech, que deverão ser as primeiras a chegar já nos primeiros dias de 2021. Só lá é que teremos também o nosso “dia V”.

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