O incêndio que destruiu parte do telhado da catedral a 15 de abril provocou uma onda de solidariedade em França, com a multiplicação de promessas de doações — de indivíduos a grupos empresariais, como a gigante LVMH e a Kering.

Até agora, porém, apenas 80 milhões de euros dos 850 milhões de euros anunciados foram arrecadados, correspondendo a pequenas doações de indivíduos.

Os fundos que estão a contribuir para o pagamento da limpeza e da reconstrução vêm principalmente de cidadãos franceses e norte-americanos que fizeram as doações a instituições de caridade da Igreja, como os Amigos de Notre-Dame de Paris, refere a agência Associated Press.

O ministro francês da Cultura, Frank Riester, confirmou o valor há uma semana, no dia 14 de junho, citando várias causas para explicar essa diferença abissal entre o que foi prometido e o que foi recebido.

"Primeiro, há pessoas que prometem doar e que não doam (...), mas, acima de tudo - e isso é normal -, as doações serão pagas em função do andamento das obras", argumentou Riester.

"Estão a ser feitos acordos com os grandes doadores", de acordo com o ministro.

Fontes do Ministério da Cultura destacaram que as grandes empresas e mecenas como os grupos LVMH (200 milhões de euros prometidos) e Kering (100 milhões de euros) pediram para saber como é que esses valores serão investidos exatamente.

Riester ressaltou que "a onda de generosidade deve continuar" e lembrou que a situação da catedral continua frágil, já que a abóbada "ainda pode desabar".

Em paralelo, a investigação judicial está em andamento para determinar as causas do incidente, atribuído a um curto-circuito.

Celebrou-se, no dia 15 de junho, a primeira missa em Notre-Dame depois do incêndio. Por razões de segurança, a cerimónia não foi aberta ao público e só foi autorizada a presença de trinta pessoas no local, todas elas com capacete na cabeça, incluindo o arcebispo de Paris Michel Aupetit que celebrou o serviço religioso.

A catedral, um dos monumentos mais visitados em Paris, considerada uma joia da arquitetura gótica da cidade, tem o início da construção datado de 1163, e o começo da função religiosa em 1182.

O seu interior foi devastado pelo incêndio de 15 de abril, mas, segundo as autoridades, os vitrais foram salvos, mas ainda está a ser feito um levantamento exaustivo dos danos aos quadros e aos órgãos.

O Governo indicou, na altura, que as relíquias do tesouro, nomeadamente a coroa de espinhos que os cristãos acreditam ter sido usada por Jesus Cristo na crucificação, e a túnica de São Luís, foram resgatadas.

Em maio, no parlamento francês, o ministro da Cultura disse que a reconstrução das partes destruídas da catedral de Notre-Dame, não será feita "apressadamente".

O Presidente francês, Emmanuel Macron, fixou um prazo de cinco anos para concluir a recuperação da catedral, período considerado admissível, de acordo com diversos peritos, mas demasiado curto segundo outros, em particular devido ao atraso nas avaliações globais.