O projeto do Observatório Golfinhos no Tejo, hoje oficialmente apresentado, está instalado no Centro de Coordenação e Controlo de Tráfego Marítimo e Segurança do Porto de Lisboa (Torre VTS), em Algés, no concelho de Oeiras, distrito de Lisboa, um local privilegiado para detetar os golfinhos que visitam o estuário.

As visualizações, que arrancaram em março deste ano, pretendem preencher a falta de estudos sobre a presença destes animais no estuário do Tejo, tendo em conta que se acentuaram nos últimos tempos os relatos de avistamentos.

Os investigadores querem saber “quais as espécies que aqui vêm, se são sempre os mesmos animais ou outros, o que vêm cá fazer, e o que os está a atrair ao estuário”, explicou Ana Henriques, da Associação Natureza Portugal (ANP), associada em Portugal da World Wide Fund dor Nature (WWF).

Ainda não há respostas para estas perguntas, nem haverá tão cedo, porque é preciso primeiro analisar e estudar padrões a partir dos dados recolhidos, realçou Ana Rita Luís, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) do ISPA-Instituto Universitário, salientando que será necessário pelo menos um ano de dados e de observações para chegar a resultados.

No entanto, em 19 dias de observação (140 horas com visualizações contínuas) foram avistados golfinhos de visita ao Tejo em 40% dos dias. Em todos estes avistamentos diários foram detetados golfinhos comuns, mas num dos dias também vieram golfinhos roazes, acrescentou.

Os dados da presença de cetáceos são recolhidos através de observação contínua por grupos de (para já) 12 voluntários, a partir do ponto privilegiado que é a Torre VTS, registando também as atividades humanas e as condições atmosféricas, entre outros fatores.

A observação dos voluntários é complementada por um sensor acústico que permite recolher as vocalizações dos animais (cada golfinho emite vocalizações únicas) e também pela observação direta, com a aproximação de barco aos animais, atividades que contam com a parceria da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).

Esta aproximação aos golfinhos visitantes permitirá por exemplo, perceber melhor características físicas distintivas de cada membro do grupo, nomeadamente a forma da sua barbatana dorsal, que também é única e distintiva de cada animal.

O Observatório está incluído na iniciativa mais vasta intitulada Golfinhos no Tejo, iniciada em junho de 2021, no âmbito do Programa de Capacitação de Organizações Não-Governamentais (OMG) da Fundação Oceano Azul.

O projeto irá ainda publicar, em 04 de julho, um relatório que reunirá o conhecimento que já existe sobre o estuário, disperso atualmente por vários relatórios e estudos, focando o seu potencial para as visitas de Golfinhos.

A informação recolhida pelas observações – que decorrerão pelo menos até ao final de 2022 – servirá para o desenvolvimento de teses académicas, artigos científicos e outros trabalhos de divulgação científica, além de servir de base para uma divulgação alargada ao público em geral, em especial junto de quem vive na Área Metropolitana de Lisboa.

O projeto decorre em parceria da APL — Administração do Porto de Lisboa, a ANP|WWF, o MARE — Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e o ISPA — Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida.