“Quando se conquista transparência, com dados sobre o que se passa, quando se conquista responsabilidade, temos de estar atentos e salientar a importância de existir esta informação sobre as escolas”, disse Rodrigo Queiroz e Melo à agência Lusa.

Para o presidente da AEEP, a divulgação dos resultados das escolas e dos alunos nos exames do ensino básico e secundário permite não só aferir o que se passa no sistema como dá aos pais informação para fazerem escolhas esclarecidas.

“O 'ranking' [das escolas] faz muito pelo sistema. Quem trabalha com as escolas, e eu trabalho também com a escolas públicas em vários projetos, sabe que toda a gente nas escolas olha para estes resultados e procura perceber o que pode fazer para ficar melhor”, frisou.

O 'ranking' das escolas, defende Rodrigo Queiroz e Melo, foi um indutor importante de melhoria dos estabelecimentos de ensino.

“Toda a gente se sente pressionado pelo 'ranking' para fazer melhor e isso é muito positivo”, afirmou.

O presidente da AEEP disse ainda que os 'rankings', tal como são conhecidos, dão uma informação sobre o sistema, mas não são nem devem ser a única fonte, acrescentando que todos os anos tem havido um esforço para haver mais dados mas que ainda falta trabalho das autoridade públicas para ajudar as escolas onde se verifica que, ano após ano, os alunos não aprendem.

A análise feita pela agência Lusa dos resultados dos exames nacionais do ano passado, hoje divulgada, revela que as escolas que inflacionam as notas dos alunos do secundário aumentaram para 18, das quais três são públicas.

Sobre esta questão, o presidente da AEEP disse ser importante esta análise e salientou que a Inspeção Geral de Educação já avaliou a situação em anos anteriores “e apurou que nada de ilegal se passava”.

“Continuamos sem saber se a inspeção ou a Direção-Geral de Educação fez alguma coisa nas escolas onde ano após ano vemos que os alunos não aprendem”, disse.

A grande dificuldade atualmente, defendeu, “é ter a maturidade de olhar para o 'ranking' e procurar fazer melhor e acabar com a opacidade do sistema educativo”.

“A opacidade é o que mais tememos que venha a verificar-se com a abolição dos exames”, disse, referindo que no caso do 1º ciclo, onde atualmente não há exames, não existe informação pública sobre as aprendizagens dos alunos.

“Continua a haver milhares de portugueses que não aprendem a ler e a escrever, mas como estão no silêncio ninguém se sente incomodado e ninguém faz nada”, frisou.

A agência Lusa divulgou hoje um conjunto de notícias sobre os resultados das escolas em exames nacionais do ensino básico e secundário, realizados na primeira fase e apenas por alunos internos, análise que se baseia em informação do Ministério da Educação.

Os resultados das escolas nos exames do ensino secundário mantiveram-se praticamente inalterados face ao ano anterior, mas com melhorias ligeiras nas médias, mais altas nos colégios privados do que nas escolas públicas.

De acordo a análise da Lusa aos dados disponibilizados pelo Ministério da Educação relativos aos resultados das escolas nos exames nacionais do ensino secundário em 2017-2018, os colégios privados melhoraram a sua média em quase uma décima, passando de 12,07 valores para 12,16 valores, enquanto as escolas públicas registaram uma melhoria de centésimas, passando de 10,74 valores para 10,77 valores.

Três quartos das escolas públicas passaram nas provas e entre os colégios foram menos de 15% os que não tiveram média positiva nos exames.

Num universo de 431 escolas públicas que fizeram mais de 100 exames nacionais no ano passado, 324 (75,17%) obtiveram médias iguais ou superiores a 10 valores. Entre os 84 colégios que fizeram mais de 100 exames, 73 (86,9%) chegaram à média positiva.

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