“[Apesar dos progressos alcançados pelos militantes e ativistas dos direitos cívicos], não podemos ver o nosso governo federal a enviar agentes que utilizam granadas de gás lacrimogéneo e matracas contra manifestantes pacíficos”, disse Obama, nas exéquias fúnebres, em Atlanta, de uma das figuras mais respeitadas nesse combate, John Lewis.

“Enquanto estamos aqui, os que estão no poder estão a fazer todos os possíveis para desencorajar as pessoas para irem votar”, acrescentou, lembrando o “encerramento das assembleias de voto”, “as leis restritivas que complicam a inscrição de minorias e de estudantes” e o “enfraquecimento dos serviços postais” que encaminharão os votos por correspondência.

O primeiro Presidente negro dos Estados Unidos pediu aos norte-americanos para participarem nas eleições de 03 de novembro, “as mais importantes pelas mais variadas razões”.

Trump, que espera ganhar um segundo mandato apresentando-se como garante de “lei e da ordem”, enviou para Portland, no noroeste dos Estados Unidos, uma centena de agentes federais que interpelaram dezenas de manifestantes antirracistas, acusados de “desordeiros”.

Depois de Portland, Trump envia forças federais para Cleveland, Detroit e Milwaukee, três cidades democratas
Depois de Portland, Trump envia forças federais para Cleveland, Detroit e Milwaukee, três cidades democratas
Ver artigo

“Tal como John [Lewis], é preciso que nos possamos bater ainda mais para defender a ferramenta mais potente que temos à nossa disposição: o direito de voto”, frisou Obama.

As declarações de Obama surgem poucas horas depois de Trump, republicano, ter publicado um ‘tweet’ provocador, que evocou a possibilidade de adiamento da votação presidencial em que deverá defrontar o candidato democrata Joe Biden.

EUA: Donald Trump defende adiamento das eleições presidenciais devido à pandemia
EUA: Donald Trump defende adiamento das eleições presidenciais devido à pandemia
Ver artigo

Trump alegou a existência de riscos de fraude ligadas à pandemia de covid-19.

“Com o voto por correspondência […] 2020 terá as eleições mais inexatas e fraudulentas da história”, escreveu Trump na rede social Twitter.

“Será uma verdadeira vergonha para os Estados Unidos. Adiar as eleições até que as pessoas possam votar normalmente, com toda a segurança?”, acrescentou.

A data de eleições federais — na terça-feira seguinte à primeira segunda-feira de novembro — é salvaguardada pela lei federal e exige uma lei do Congresso para que possa ser alterada.

A Constituição norte-americana, porém, é omissa quanto ao eventual adiamento da tomada de posse de um Presidente, normalmente realizada a 20 de janeiro, neste caso, de 2021.

Segundo reporta a agência noticiosa Associated Press (AP), não existe qualquer evidência de fraude no voto universal por correspondência, mesmo nos Estados em que o sistema funciona dessa forma.

Cinco Estados confiam exclusivamente no voto por correspondência e têm garantido que não é necessária qualquer salvaguarda para assegurar que um ator estrangeiro possa prejudicar a votação.

Segundo especialistas sobre a segurança de eleições, indicam especialistas, todas as formas de fraude são raras, incluindo a abstenção.