“A minha relação com o Porto foi um casamento por conveniência que se transformou em amor à primeira vista”- foi com esta citação da autora, que morreu na segunda-feira, que o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, começou o voto de pesar na reunião do executivo de hoje.
Aprovado por todas as forças políticas representadas na autarquia (os independentes de Moreira, o PS, o PSD e a CDU), a nota distingue a “genialidade artística”, a “grande inteligência e extrema sensibilidade” da escritora, bem como o seu “domínio da língua portuguesa e conhecimento das paixões e comportamentos humanos” numa obra que “tem por cenário o Norte, onde escolheu viver”.
“A maior parte dos romances de Agustina Bessa-Luís refletem o Porto, a Invicta, as famílias abastadas, burguesas, que podem ou até devem viver momentos de penúria, para mais tarde se erguerem de novo”, observou Moreira.
Pelo “percurso literário”, mas também “pelo exemplo de cidadania e de alma portuense”, a autarquia manifestou “o profundo pesar e a grande consternação pelo falecimento de Agustina Bessa-Luís”.
Para a Câmara do Porto, Agustina é “incontestavelmente um dos grandes expoentes da literatura portuguesa”, representando “um universo excecional sob o ponto de vista da criação e do património literário e cultural que legou aos portugueses e ao mundo”.
“Situada pelos críticos como neo-romancista, Agustina transborda um enorme interesse pelo escritor Camilo Castelo Branco e graças ao conjunto da sua obra foi agraciada com inúmeros prémios e distinções, entre eles a Medalha de Honra da Cidade do Porto e a Ordem das Artes e das Letras da República Francesa no Grau de Oficial”, recordou Moreira.
Agustina foi ainda “um dos nomes maiores da literatura portuguesa que nos deixou um legado de brilhantismo, diversidade e dinamismo na sua uma vasta obra, para além de uma marca indelével como cidadã exemplar”, descreve o município.
“Agustina deixa-nos o Porto, nos seus livros, nas suas histórias, para que o possamos (re)descobrir a cada página voltada”, acrescenta.
A escritora Agustina Bessa-Luís morreu na segunda-feira, aos 96 anos, no Porto.
Nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há quase duas décadas.
O nome de Agustina Bessa-Luís destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz.
A cerimónia fúnebre da escritora realiza-se hoje na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, onde será sepultada “na intimidade da família", revelou o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís.
Comentários