No relatório com as previsões económicas mundiais divulgado hoje, a organização com sede em Paris vê o PIB real a crescer 5,4% este ano e 1,7% em 2023, devido ao investimento público “robusto”, impulsionado pelos fundos da União Europeia, e à recuperação do turismo.

Apesar das perspetivas da OCDE para este ano serem ligeiramente mais pessimista do que as de dezembro, quando previa uma expansão do PIB de 5,8% este ano, são mais otimistas dos que as do Governo e do Banco de Portugal que estimam um crescimento de 4,9%.

As previsões ficam ainda acima das do Conselho de Finanças Públicas (4,8%) e do Fundo Monetário Internacional (4%), sendo apenas ultrapassadas pelas da Comissão Europeia (5,8%).

A OCDE explica que o forte crescimento do consumo privado e a recuperação do turismo apoiaram a expansão do PIB no início de 2022.

Contudo, o ritmo de recuperação está a diminuir, com a elevada incerteza devido à guerra na Ucrânia, preços crescentes das ‘commodities’ e energia e a diminuição dos salários reais (devido à inflação), dando nota de uma esperada diminuição da procura reprimida e do impacto da inflação no consumo.

A OCDE estima ainda que o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) suba para 6,3% este ano e para 4% em 2023 e a inflação para 5,3% este ano e 3,9% no próximo.

O relatório assinala ainda que o forte crescimento nominal do PIB irá contribuir para reduzir o rácio da dívida pública para 120% este ano e 116,7% em 2023, enquanto o défice orçamental deverá cair para 1,5% este ano e 1,1% no ano seguinte.
“O apoio orçamental temporário contra os altos preços da energia deve visar as famílias mais afetadas e empresas”, destaca a OCDE, dando nota de que, por exemplo, outros tipos de apoio financeiro deve substituir a redução nas taxas sobre os combustíveis.

Entre as ajudas, a OCDE sugere ainda apoio técnico e financeiro às famílias de baixos rendimentos e empresas vulneráveis, mas viáveis, como o isolamento de edifícios devem aumentar, fomentando ainda a adoção de tecnologias digitais e a manutenção do compromisso do governo com a prudência orçamental deve ajudar a tranquilizar os mercados financeiros e limitar os aumentos no custo de financiamento à medida que a política monetária normaliza.

“Tendo em conta os elevados níveis de endividamento público, a manutenção de uma política orçamental prudente e a definição de um plano de consolidação orçamental de médio-prazo credível será fundamental para assegurar condições de financiamento favoráveis”, sublinha.

A OCDE prevê ainda que a taxa de desemprego caia para 5,8% este ano e 5,7% em 2023.