"Este é um OE [Orçamento de Estado] que segue em linha com os anteriores, quando se esperava que o Governo assegurasse o regresso à normalidade, ao que tínhamos antes do congelamento aplicado por José Sócrates, mas o Governo continua a ficar com o dinheiro dos trabalhadores da Administração Pública, continuando a aplicar o descongelamento de carreiras por fases", disse à agência Lusa a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila.

A sindicalista lamentou ainda que o Governo tenha destinado apenas 50 milhões de euros para a revalorização salarial e que diga que os trabalhadores da Administração Pública vão ter aumentos médios superiores a 3%.

Na conferência de imprensa de apresentação do OE2019, Mário Centeno disse que há uma margem de 50 milhões de euros para aumentos de salários na função pública em 2019, mas não indicou como será distribuído esse valor.

"Esta verba não dá para nada e é lamentável que, depois de 10 anos sem qualquer aumento, o Governo misture tudo para dizer que os funcionários públicos vão ter aumentos superiores a 3%", considerou Ana Avoila, acrescentando que os 50 milhões de euros não chegam para dar resposta às reivindicações dos trabalhadores.

A sindicalista lembrou, a propósito, que os trabalhadores dos níveis salariais baixos são obrigatoriamente aumentados porque não podem receber menos que o salário mínimo nacional, que deverá subir no início ano.

A última reunião negocial entre o Ministério das Finanças e os sindicatos da função pública realizou-se na sexta-feira e Ana Avoila aguarda a marcação de outro encontro negocial para esta semana, para o Governo avançar com alguma proposta.

Esta estrutura sindical filiada na CGTP reivindica aumentos de 4% e o descongelamento de carreiras sem faseamentos, entre outras matérias.

A Frente Comum tem uma greve marcada para dia 26 de outubro.

O Governo entregou na segunda-feira à noite no parlamento a proposta de OE2019, em que estima um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,2% no próximo ano, uma taxa de desemprego de 6,3% e uma redução da dívida pública para 118,5% do PIB.

No documento, o executivo mantém a estimativa de défice orçamental de 0,2% do PIB no próximo ano e de 0,7% do PIB este ano.