António Costa deixou esta advertência política no encerramento de dois dias de Jornadas Parlamentares do PS, em Setúbal, num longo discurso que dedicou à proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2020, cuja votação final está prevista para 06 de fevereiro.
Num recado sobretudo dirigido às forças à esquerda do PS no parlamento - as que estão a negociar a viabilização da proposta orçamental do Governo -, António Costa citou o antigo Presidente da República Jorge Sampaio e referiu que "há mais vida para além deste Orçamento", acentuando, depois, que este é o primeiro de quatro orçamentos da legislatura.
"Este não é o último, o penúltimo, ou o antepenúltimo orçamento da legislatura, é mesmo o primeiro. Por isso, só quem tem mesmo muita pressa de precipitar o fim da legislatura é que pode querer ter vontade de logo no primeiro orçamento fazer tudo aquilo que se comprometeu fazer ao longo de quatro anos", afirmou.
Num apelo à moderação dos restantes partidos nas negociações que ainda falta fazer neste Orçamento, António Costa defendeu que "a chave do sucesso da legislatura anterior foi em cada ano se ter dado o passo que era possível, garantindo que continuava a haver caminho para andar".
"Foi dando cada passo seguro que fomos desmentindo previsões mais catastróficas ou pessimistas da Comissão Europeia, da UTAO, do Conselho das Finanças Públicas e até o diabo do doutor Pedro Passos Coelho. Todos eles desmentimos ano após ano - e não os desmentimos por qualquer atos de exorcismo, mas porque fizemos bem as contas das propostas que apresentámos, sendo sempre conservadores nas nossas previsões", sustentou.
Depois, deixou mais um recado às outras forças políticas no parlamento: "Ninguém pense que por ter mudado o quadro político vamos agora ter a irresponsabilidade orçamental que soubemos não ter na legislatura anterior", salientou.
Mas o primeiro-ministro foi ainda mais longe, dizendo que este Orçamento "não pode ser uma soma de bandeiras eleitorais, ou uma espécie de `outdoor´ onde se afixam as promessas que se vão fazendo aos eleitores".
"Há mais vida para além do Orçamento e isso significa que o Orçamento não é um fim em si próprio, mas um instrumento ao serviço de uma política", acrescentou.
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