Na intervenção no primeiro dia do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), Catarina Martins e António Costa estiveram olhos nos olhos pela primeira vez desde o anúncio do voto contra do BE nesta fase orçamental, numa troca de críticas entre socialistas e bloquistas, na qual o primeiro-ministro recorreu a diversos gráficos para contrapor às críticas do BE.

"Não vale a pena querer polarizar entre nós o debate porque a alternativa que se apresenta neste debate parlamentar não é entre o orçamento que o Governo apresenta e o orçamento que o Bloco de Esquerda vai votar contra. A alternativa que existe é entre aquela que o Governo apresenta e aquela que a direita apresenta", sustentou António Costa.

De acordo com o primeiro-ministro, "a alternativa é entre aqueles como o PS vão votar a favor deste Orçamento" e os outros partidos e deputados à esquerda, bem como o PAN e a deputada Cristina Rodrigues, "que entendendo que é necessário avançar no sentido de superar insuficiências e limitações, não desertam da esquerda para se juntarem à direita, mas viabilizam a passagem deste Orçamento à especialidade".

Catarina Martins tinha começado por referir que António Costa "tem repetido que não há neste orçamento nenhum recuo face ao passado", mas considerou que "isso não é verdade", uma vez que há um "recuo, desde logo, na saúde".

"A necessidade de investimento no SNS em 2021 não é menor. É maior. Como pode o governo esperar que o SNS faça mais com menos?", questionou, apontando ainda as insuficiências na prestação social, cuja proposta do BE é "apenas razoável e de bom senso".

Sendo certo que o orçamento para a saúde aumenta, mas não indo para o SNS, o BE questionou para onde vai este dinheiro, pretendendo saber "porque recusa o governo reconstruir carreiras e abrir as portas à dedicação exclusiva no Serviço Nacional de Saúde, como constava do próprio programa do PS" e "porque é que o Governo fica impávido face aos concursos vazios de candidatos".

"Tem que ver com responsabilidade, coragem e bom senso. Quando o SNS precisava de carreiras atrativas para recuperar os profissionais de que precisa, o Governo escolhe pagar aos privados", condenou.

Outra área na qual há recuos, de acordo com Catarina Martins, é na "proteção social, no momento da maior emergência".

"Para quem não tem subsídio de desemprego, o Governo propõe um recuo face aos apoios extraordinários criados este ano", considerou.

Na resposta, António Costa foi perentório: "permita-me discordar. A proposta do Orçamento do Estado não tem qualquer recuo e prossegue a trajetória que temos vindo a prosseguir desde 2015 de aumento de dotação do SNS".

"O BE nos últimos dias tem utilizado um gráfico comparando o que não é comparável", apontou Costa, em relação à saúde, seguindo-se depois um momento em que contrapôs as posições bloquistas sobre a saúde com diversos gráficos.

Em relação à prestação social, o primeiro-ministro trouxe um documento do BE, que mostrou, virado para Catarina Martins.

"A prestação social que propunham cobriria 100 mil pessoas, num total de 420 milhões de euros. A prestação social na qual votará contra é uma prestação social que protege 258 mil pessoas, mais do dobro do que a sua propunha e que tem uma despesa total de 630 milhões de euros", atirou.

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