Pelo quinto dia consecutivo, o processo de Tancos, no qual o ex-ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes é um dos 23 acusados pelo Ministério Público, continuou a ser o tema dominante da campanha para as eleições legislativas de 06 de outubro.

O CDS-PP recusa deixar o assunto de lado e a presidente dos centristas, Assunção Cristas, afirmou na sexta-feira à noite que tinha recebido mensagens a alertá-la para "o preço político" de falar no processo de Tancos.

Um dia depois destas declarações, Cristas evitou, contudo, dizer quem lhe enviou as mensagens: "Isso há muitas mensagens que andam por aí por todo o lado. O que é importante é que cada partido possa dizer o que acha mais relevante".

A líder dos CDS-PP disse ainda que, quando falou destas mensagens que recebeu, não se referia "a ninguém em concreto nem a nenhuma mensagem" específica, mas que o partido considera "o tema de Tancos muito relevante" e, por isso, vai "continuar a trazê-lo".

Assunção Cristas respondeu também ao socialista Augusto Santos Silva, que acusou CDS-PP e PSD de “trazerem as instituições da República para a lama” com o processo de Tancos.

"Sei que há a velha máxima de quem se mete com o PS, leva, mas aqui no CDS não há medo de dizermos as verdades. E quem coloca as instituições políticas na lama é quem mantém um candidato a deputado envolvido num processo, que aparentemente soube do que se passou, e quando devia escrutinar o governo, estava de alguma forma a encobrir também o governo", disse Assunção Cristas.

Do lado presidente do PSD, Rui Rio, também veio a resposta às acusações de Santos Silva, que notou "um crescendo da tensão" que fez o PS “baixar um bocado o nível” da campanha, mas recusou "dançar esse tango".

"Para dançar o tango são precisos dois e, portanto, para a tensão crescer também são precisos dois, e aqui vejo mais um, o outro não está a dançar tanto o tango, que é o meu caso. Eu não estou muito disponível para entrar nessa escalada, como se nota no Partido Socialista através de intervenções, por exemplo, do ministro Augusto Santos Silva", respondeu.

Já o secretário-geral do PS, António Costa, que foi recebido por um protesto dos lesados do BES, quando se dirigia para um almoço/comício, em Matosinhos, preferiu comentar que aqueles que querem um Governo sem os socialistas têm "muitas alternativas", mas que nenhuma fará melhor do que o PS.

"Quem quer um Governo sem o PS tem muitas alternativas. Como sempre em democracia há alternativas. E desejo que possam ir rio abaixo à procura de uma alternativa em que possam acreditar que fará mais e melhor do que o PS fará em mais quatro anos de governação estável do nosso país", declarou António Costa, acrescentando, por isso, que os portugueses "só há uma verdadeira escolha" para fazer no dia 06 de outubro: entre um Governo do PS ou um Governo sem o PS.

Com os olhos postos também na nova composição da Assembleia da República, a coordenadora nacional do BE, Catarina Martins, traçou a meta de eleger, pela primeira vez, uma deputada em Viseu.

"Viseu, pela primeira vez na nossa história, pode ter uma deputada à esquerda que nunca hesitará na defesa dos salários, na defesa das pensões, na defesa deste país esforçado, na defesa desta gente que constrói Portugal", vincou, numa intervenção na qual também disse que a proposta bloquista para o interior "é tão comprometida e séria" como as restantes.

Por seu turno, o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, optou por voltar à génese da ‘geringonça’ e justificar o apoio parlamentar dado ao PS, em 2015, como método para impedir uma governação de PSD e CDS-PP.

"Fomos uma força que esteve na resolução do problema institucional criado em 2015, em que, por força de PSD/CDS e do então Presidente da República, Cavaco Silva, por força da falta de força do PS - que naquela noite apresentou cumprimentos pelos resultados ao PSD -, eis uma força, o PCP, a CDU, que afirmou claramente que era possível uma solução institucional, um Governo minoritário do PS", explicitou.