A iniciativa dará a conhecer cerca de 80 obras de pintura, desenho, escultura, fotografia e instalação, começando por reunir trabalhos de 23 artistas na exposição patente até 30 de setembro, sob o título "Intersticial I", e revelando depois os restantes 27 autores na "Intersticial II", de 11 de outubro a 17 de fevereiro de 2019.
O projeto tem por base a Coleção Norlinda e José Lima, que está confiada ao Núcleo de Arte da Oliva desde 2013 e de cujo fundo o curador Miguel Von Hafe Pérez escolheu 80 trabalhos de autores como Paula Rego, Julião Sarmento, Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes, Ana Hatherly, António Olaio e a dupla João Maria Gusmão e Pedro Paiva.
Depois da retrospetiva sobre Álvaro Lapa no Museu de Serralves, a seleção de Miguel Von Hafe Pérez procura agora "pensar o objeto artístico como acontecimento", para refletir na mostra da Oliva os contextos que entre 1971 e 2014 se revelaram pertinentes "ao nível da história social e política e dos sistemas de articulação institucional e receção crítica".
"São obras pouco ou nunca vistas da Coleção Norlinda e José Lima, e foram bastante importantes no percurso dos seus autores", realça o curador da mostra.
"Apesar da sua importância, muitas destas obras nunca foram expostas, sendo por isso desconhecidas da grande maioria do público, como acontece no primeiro momento da mostra com os trabalhos de Joaquim Bravo, Leonel Moura, Fernando Calhau e Joana Rosa", acrescenta Andreia Magalhães, que dirige o Núcleo de Arte da Oliva Creative Factory.
Entre os 50 artistas portugueses que marcam presença na nova exposição da Oliva destaca-se ainda uma forte presença feminina, o que, para Miguel Von Hafe Pérez, "contraria a ideia de uma certa invisibilidade das mulheres na arte contemporânea", em contraste com o que se verificará, por exemplo, na cultura anglo-saxónica do mesmo período.
Andreia Magalhães defende, por isso, que a "Intersticial" constitui "uma oportunidade para conhecer obras que fazem a história da arte portuguesa contemporânea - várias delas paradigmáticas na carreira dos respetivos autores, como é o caso dos desenhos de Ângelo de Sousa da década de 1970, as pinturas de Julião Sarmento dos anos 1980, as esculturas de Rui Chafes dos anos 1990 e a instalação de Susanne Themlitz de 2001".
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