O trabalho de levantamento e inventariação vai ser desenvolvido pelo investigador Jorge Adolfo e pelo diretor do Museu Municipal de Oliveira de Frades, Filipe Soares.
“Vamos fazer um inventário do património e, com isso, valorizá-lo e protegê-lo. Se ele não é conhecido, facilmente é destruído. Se é conhecido, já está debaixo da alçada e do olho das instituições”, afirmou hoje Jorge Adolfo, durante a apresentação do projeto.
O historiador contou que, nos últimos anos, quer ele, quer Filipe Soares, andaram a fazer um levantamento no terreno, mas que lhes pareceu necessário haver “um trabalho mais consistente e um inventário o mais exaustivo possível do concelho”, que em 2020 ficará no papel.
Filipe Soares disse que, além do ‘ex-líbris’ do concelho, que é o Dólmen de Antelas, há “uma série de monumentos dolménicos, antas e mamoas” que se tinham “perdido na bruma da memória, por causa do mato que cresceu”, mas que foram recentemente redescobertos.
“Com o trágico incêndio de 15 de outubro de 2017, a arqueologia teve uma pequena ajuda”, afirmou, contando que “os matos que tapavam estes monumentos foram limpos em poucas horas” pelas chamas.
Segundo o técnico superior, são já conhecidas mais de três dezenas de monumentos megalíticos no concelho, mas haverá muitos mais.
“Ainda falta bater uma grande área ardida e eu acredito que esse número vai subir bastante. E temos estado a perceber que as tipologias do megalitismo variam, porque temos encontrado novas realidades”, avançou.
Apesar de o megalitismo dever predominar na carta, Filipe Soares disse que os períodos romano e das idades dos metais também foram muito ricos no concelho.
O responsável considerou que a carta será “um instrumento de trabalho que vai ajudar na parte turística”, porque se o objetivo é levar os turistas a visitar os monumentos, primeiro tem que se saber onde eles estão.
“Vai ser importante em termos de PDM (Plano Diretor Municipal) e de todo o ordenamento do território” e também ao nível da proteção, porque os monumentos “são sujeitos muitas vezes a vandalismo inconsciente”, frisou.
O técnico superior exemplificou com os madeireiros que andam no terreno que, “se não forem avisados que aqueles montinhos não são só montes de terra e de pedra, mas sim monumentos construídos há cinco mil anos, inocentemente vão passar por cima deles com tratores de rodas gigantes”.
“Temos que preservar todo este património rico. Neste momento, não há um inventário sistemático, não temos nada que nos defenda este património”, frisou.
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