Os números fazem parte de um estudo do Dartmouth College, uma universidade dos Estados Unidos, hoje divulgados na revista Science Advances e no qual os investigadores alertam que são os países mais pobres, e menos responsáveis pelas alterações climáticas, os que mais sofrem.
Combinando dados, os investigadores concluíram que entre 1992 e 2013 as ondas de calor coincidiram estatisticamente com variações no crescimento económico, estimando que se perderam 16 biliões de dólares devido aos efeitos das altas temperaturas na saúde humana, na produtividade e na produção agrícola.
Os resultados, avisam os investigadores, salientam a necessidade imediata de políticas e tecnologias que protejam as pessoas durante os dias mais quentes do ano, particularmente nas nações mais quentes e economicamente mais vulneráveis do mundo.
Christopher Callahan, primeiro autor do estudo, frisa, citado na publicação, que o que se gasta em medidas de adaptação “não deve ser avaliado apenas no preço dessas medidas, mas em relação ao custo de não fazer nada”, sendo que é “substancial” o preço de não fazer nada.
Justin Mankin, professor em Dartmouth e outro dos autores, avisa que os verdadeiros custos das alterações climáticas são muito mais elevados do que se calculava até agora, e diz que devem continuar a subir à medida que aumenta a magnitude dessas alterações, tendo o estudo mostrado que nenhum lugar do planeta está bem adaptado ao clima atual.
“As ondas de calor são um dos efeitos mais diretos e tangíveis das alterações climáticas que as pessoas sentem, mas não foram totalmente integradas nas nossas avaliações sobre o que as alterações climáticas custaram e irão custar no futuro”, explica Cristopher Callahan a propósito do estudo, deixando uma certeza: “Vivemos num mundo que já foi alterado pelas emissões de gases com efeito de estufa”.
Segundo os investigadores, além de sofrerem uma menor quebra do Produto Interno Bruto (PIB) ‘per capita’ devido às ondas de calor os países mais ricos ainda podem, teoricamente, beneficiar economicamente com períodos de dias mais quentes.
Justin Mankin alerta que as pessoas que mais contribuíram para o aquecimento global são as mesmas que têm mais recursos para resistir a esse aquecimento e nalguns casos beneficiar dele. Há “uma transferência maciça de riqueza internacional dos países mais pobres do mundo para os países mais ricos do mundo através das alterações climáticas – e essa transferência precisa de ser invertida”, diz.
Justin Mankin e Christopher Callahan defendem no estudo que os principais emissores do mundo deveriam pagar grandes parcelas da “fatura” da adaptação aos eventos extremos de calor.
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