Um homem atacou o marido da presidente da Câmara de Deputados dos EUA com um martelo, quando invadiu a sua casa, nesta sexta-feira, na Califórnia. De acordo com a polícia, Paul Pelosi teve de ser transportado ao hospital para receber tratamento.

Quando invadiu a casa, o atacante gritou, "Onde está Nancy?", enquanto agredia o marido, avança a imprensa norte-americana, sugerindo que o ataque teve motivos políticos, embora o chefe da polícia de São Francisco, Bill Scott, tenha frisado que a investigação ainda não determinou o motivo do ataque.

Segundo a MSNBC, o agressor chama-se David Depape, tem 42 anos e utilizou um martelo como arma no momento do ataque.

Paul Pelosi estava sozinho em casa, no momento da intrusão. Enquanto a presidente da Câmara dos deputados estava em Washington, onde passa grande parte do seu tempo.

O atacante pretendia amarrar Paul Pelosi, de 82 anos, e esperar que a sua mulher, Nancy, chegasse a casa, disse a MSNBC, citando um membro da família de Pelosi.

Entretanto, Paul conseguiu ligar para o 911 (equivalente ao 112) num momento de distração do agressor, relata a mesma fonte.

De acordo com o relatório da polícia, os agentes enviados ao local encontraram o intruso dentro da casa pouco antes das 09h30 (hora de Lisboa), onde Paul Pelosi tentava resistir às agressões.

"O suspeito atacou o Sr. Pelosi com o martelo", disse o chefe da polícia aos repórteres, recusando-se a responder a perguntas.

De acordo com o oficial, David Depape será acusado de tentativa de homicídio, agressão com arma mortal, roubo e outros crimes.

O porta-voz de Nancy Pelosi, Drew Hammill, disse em comunicado que o marido Paul Pelosi, de 82 anos, está no hospital “a receber excelentes cuidados médicos e espera-se uma recuperação completa".

De acordo com o familiar citado pela MSNBC, Pelosi foi submetido a uma cirurgia.

A presidente da Câmara dos Deputados e os cinco filhos do casal dirigem-se para São Francisco para estar ao lado do marido e pai.

O presidente dos EUA, Joe Biden, ligou a Pelosi, para expressar o seu apoio e condenar o "ataque horrível", disse a Casa Branca.

"O Presidente condena o ato de violência e pede que o desejo da família por privacidade seja respeitado", disse a secretária de imprensa de Biden, Karine Jean-Pierre, num comunicado.

O intruso invadiu a casa dos Pelosi, através de uma porta de vidro deslizante, informou o The Wall Street Journal, citando fontes policiais. O ataque deixou Paul Pelosi com ferimentos na cabeça e no corpo.

O agressor de 42 anos assumiu posições de extrema direita nas redes sociais, incluindo teorias de conspiração sobre a Covid-19, disse um dos agentes ao jornal.

O ataque ocorre num ano que tem sido tumultuoso para o marido de Pelosi, que foi condenado por dirigir bêbado após um acidente, em maio, e condenado a cinco dias de prisão.

A menos de duas semanas para as eleições intercalares dos EUA, os membros de ambos os partidos ficaram alarmados sobre o potencial de violência política.

De acordo com a Capitol Police, em Washington, as ameaças contra membros do governo norte-americano aumentaram para o dobro, desde 2017, tendo chegado às 10.000 ameaças, em 2021.

Membros de ambos os partidos reuniram-se para apoiar Pelosi nas redes sociais, com vários sugerindo que o ataque foi o resultado inevitável de um aumento da violência na retórica política.

Adam Kinzinger, membro republicano do comité da Câmara dos Representantes que investiga o ataque de janeiro de 2021 ao Capitólio, culpou as teorias da conspiração espalhadas por Donald Trump e os seus seguidores de extrema-direita por radicalizarem os apoiantes.

"Quero deixar claro: quando alguém convence as pessoas de que os políticos defraudam resultados eleitorais, que bebem sangue (...), etc., teremos violência. Isso deve ser rejeitado", disse o republicano na sexta-feira.

Outro membro republicano, Steve Scalise, disse que estava "revoltado" com o ataque. "A violência não tem lugar neste país. Rezo pela recuperação total de Paul Pelosi", disse.