Em declarações citadas pela agência espanhola de notícias, a EFE, a representante do PAM em Moçambique, Antonella d’Aprile, salientou também que a tempestade tropical severa Filipo afetou 50 mil pessoas, agravando a crise neste país lusófono africano.
Ao mesmo tempo, o país, como outros da região, sofreu em janeiro e fevereiro as piores secas dos últimos 40 anos, devido à influência do fenómeno climático El Niño, que arruinou muitas colheitas, acrescentou.
“Os impactos climáticos surgem numa altura em que as operações do PAM no norte já eram dificultadas pelo conflito e pela insegurança”, disse a responsável, referindo que 63% dos deslocados pelos combates em Cabo Delgado são crianças.
A tempestade Filipo, acompanhada por ventos com velocidades superiores a 120 quilómetros por hora a 12 e 13 de março, destruiu total ou parcialmente mais de 10.000 casas e também danificou estradas, linhas elétricas e instalações sanitárias, disse D’Aprile.
No final do ano passado, a ONU apelou à comunidade internacional para doar 413 milhões de dólares, cerca de 380 milhões de euros, para as necessidades humanitárias de Moçambique em 2024, mas até agora só recebeu 6% desses fundos dos doadores.
A tempestade atingiu o sul de Moçambique – além de Maputo, também as províncias de Inhambane e Gaza – durante 48 horas, obrigando pelo menos 14.000 pessoas a deixarem as casas, provocando danos em 29 escolas, 19 centros de saúde e em 2.874 casas, segundo um balanço feito na quinta-feira pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e tempestades tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
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