“Alegadamente, refugiados e outros migrantes de países terceiros foram incentivados pelas autoridades da Bielorrússia a cruzar as fronteiras do país com Estados da UE – nomeadamente Letónia, Lituânia e Polónia”, declarou hoje a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
“A morte de quatro pessoas na semana passada na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia trouxe à tona a situação deplorável que essas pessoas enfrentam”, disse Bachelet durante a sua intervenção na 48ª. sessão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU.
Até ao momento, seis pessoas já morreram na fronteira oriental da União Europeia e a Bielorrússia.
“Os direitos humanos desses indivíduos – incluindo alimentos, água, cuidados médicos – devem ser uma preocupação primordial e quaisquer pedidos de asilo ou outras reivindicações de proteção devem ser examinados individualmente”, sublinhou a alta comissária.
“Também é essencial que jornalistas, advogados, sociedade civil e atores humanitários tenham acesso às áreas de fronteira”, afirmou Michelle Bachelet.
De acordo com o portal Político, há um alarme crescente em Bruxelas sobre a situação na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia, onde um grupo de refugiados está a viver entre os dois países.
Segundo o meio de comunicação, as pessoas “morreram de hipotermia e exaustão e as autoridades e os grupos de direitos humanos estão preocupados com a possibilidade de mais pessoas perderem a vida”.
O Político referiu que a situação foi agravada por a Polónia ter proibido a presença de jornalistas e organizações não-governamentais na área de fronteira, levando a uma falta de informações.
Os detalhes das mortes dos quatro migrantes na semana passada são muito vagos. Três morreram no lado polaco da fronteira, enquanto um morreu na Bielorrússia, disseram as autoridades.
Nos últimos meses, milhares de migrantes, principalmente do Médio Oriente, cruzaram ou tentaram cruzar a fronteira para passar da Bielorrússia para países da União Europeia, como a Polónia, a Letónia ou a Lituânia.
A UE tem acusado a Bielorrússia de orquestrar o enorme aumento do fluxo de migrantes como retaliação pelas sanções impostas a Minsk na sequência da repressão que o regime tem feito à oposição.
A Polónia enviou milhares de soldados para a fronteira com a Bielorrússia, que abrange mais de 400 quilómetros, e construiu uma cerca de arame farpado ao longo de uma secção.
Além disso, estabeleceu um estado de emergência local que proíbe jornalistas e ativistas de viajarem para a zona de fronteira.
Os críticos do Governo populista de direita da Polónia acusam-no de usar a questão para fins eleitorais e de adotar métodos demasiado duros para com os requerentes de asilo.
Na segunda-feira, os guardas de fronteira disseram ter registado 3.500 entradas na Polónia em agosto, incluindo as tentativas e que esse número cresceu para 5.000 em setembro.
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