“A Missão Integrada Multidimensional de Estabilização das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA) apela a uma cessação imediata dos ataques de grupos contra a população civil, incluindo mulheres e crianças” e que “continuam a atingir pessoas e lugares protegidos em várias cidades”, refere um comunicado da missão da ONU, hoje divulgado.

Os ataques têm-se intensificado em cidades no sul da República Centro-Africana como Bangassou, Bria e Alindao, onde os ‘capacetes azuis’ da ONU protegem milhares de deslocados.

A MINUSCA, força em que Portugal participa com 160 militares, e o alto-comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas repudiam os ataques contra centros de acolhimento de deslocados e hospitais, que, recordam, “podem constituir crimes contra a humanidade”.

As Nações Unidas exigem aos grupos armados que parem “qualquer entrave ao trabalho dos funcionários humanitários, bem como as ameaças contra as organizações humanitárias”.

No comunicado, a MINUSCA relata ataques ocorridos nos últimos dias, nomeadamente o rapto de duas mulheres, por elementos das milícias anti-Balaka, que estavam a receber tratamento no hospital em Bangassou, e que foram posteriormente mortas, no dia 24 de maio.

Este domingo, homens armados “presumivelmente anti-Balaka” impediram os trabalhadores humanitários de realizar uma missão na mesma localidade e raptaram um mulher e cinco crianças, que mataram depois no mato.

Entre 20 e 26 deste mês, a MINUSCA “recebeu informações de que elementos ex-Séléka cometeram abusos contra a população de Bria”, registando-se mortes, pilhagens e incêndios de casas.

Entre 8 e 13 de maio, foram os ‘capacetes azuis’ os alvos de ataques, também em Bangassou.

Na mesma altura, confrontos entre militantes anti-Balaka e da Unidade para a Paz na República Centro-Africana causaram a morte de mais de cem civis em Alindao, onde “elementos armados manipulam as populações civis e impedem a plataforma ecuménica para a paz de trabalhar em prol da coesão social”, descreve a MINUSCA.

“A MINUSCA recorda que quem comete, ordena, dirige, financia, organiza ou falha na prevenção de ataques contra civis, trabalhadores humanitários e capacetes azuis da ONU é inteiramente responsável pela violência e pode ser acusado por crimes de guerra”, acrescenta o comunicado.

Os confrontos entre a coligação rebelde Séléka, maioritariamente muçulmana, e a milícia anti-Balaka, de maioria cristã, deixaram o país de 4,5 milhões de pessoas num conflito civil desde 2013.