Após três meses de intensas e difíceis negociações, o Conselho de Segurança da ONU adotou, em 01 de julho, uma resolução que apoiava o apelo de Guterres e que pedia uma “pausa humanitária” de três meses nos conflitos em curso no mundo, prazo este que termina no fim deste mês.

“A resposta inicial foi encorajadora. Foram anunciadas várias cessações temporárias das hostilidades – da Colômbia à Ucrânia, das Filipinas aos Camarões”, afirmou a subsecretária-geral das Nações Unidas para os Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo.

“No entanto, muitas expiraram sem serem renovadas, o que resultou em poucas melhorias no terreno”, lamentou a representante, durante uma videoconferência do Conselho de Segurança da ONU organizada a pedido de França e da Tunísia, que estiveram na origem da resolução aprovada em julho deste ano.

Já o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, alertou, por sua vez, que “a médio e a longo prazo, os países em conflito e mais frágeis serão os mais afetados pela doença covid-19″.

“Os riscos de conflito, instabilidade, insegurança, violência e do deslocamento de populações estão a aumentar”, avisou ainda Mark Lowcock, antevendo que o Conselho de Segurança da ONU terá de trabalhar arduamente no futuro próximo.

Ao alto funcionário lamentou também que, apesar dos apelos reiterados por parte da ONU, o trabalho das organizações humanitárias no terreno continua a ser dificultado, em particular através da recusa de vistos.

O subsecretário-geral do Departamento de Operações de Paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, foi outro dos participantes nesta videoconferência do Conselho de Segurança.

Jean-Pierre Lacroix informou que a rotação dos elementos das forças de manutenção da paz das Nações Unidas, também conhecidos como “capacetes azuis”, foi retomada após uma suspensão temporária na primavera, devido ao desenvolvimento da pandemia do novo coronavírus.

O representante precisou que o processo de rotação está a decorrer sob regras restritas, incluindo o cumprimento de um período de 14 dias de confinamento antes do destacamento dos elementos.

“Até 09 de setembro [hoje], em todas as áreas de operações envolvendo mais de 100.000 militares e civis da ONU, 1.049 casos foram diagnosticados, incluindo 609 pessoas dadas como curadas, 440 pessoas que ainda estão doentes e 18 mortes”, precisou Jean-Pierre Lacroix.

A pandemia da doença covid-19 já provocou pelo menos 898.503 mortos e infetou mais de 27,6 milhões de pessoas em todo o mundo desde dezembro, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.