“Podemos fazer mais para aliviar o sofrimento dos venezuelanos se obtivermos mais ajuda e apoio de todas as partes interessadas”, defendeu o responsável humanitário das Nações Unidas, Mark Lowcock, num discurso proferido perante o Conselho de Segurança, que hoje se reuniu a pedido dos Estados Unidos para discutir a situação humanitária naquele país latino-americano.
Na reunião, o vice-Presidente norte-americano, Mike Pence, pediu à ONU que reconheça o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, como Presidente interino da Venezuela e retire as credenciais aos representantes do Governo de Nicolás Maduro junto da organização.
Pence anunciou que o seu país está a preparar uma resolução com esse objetivo e pediu a todos os membros do Conselho de Segurança o seu apoio, sublinhando que a Venezuela é, neste momento, “um Estado falido” e que Maduro “deve sair”.
Por sua vez, Lowcock pediu o apoio do Conselho em três áreas concretas: a separação das questões políticas das humanitárias na Venezuela; mais presença de organizações humanitárias no terreno; e mais dinheiro para financiar o alargamento dos programas de ajuda.
Nesse sentido, recordou que os recursos agora disponíveis são “extremamente modestos em relação às necessidades”.
De acordo com as estimativas da ONU, cerca de sete milhões de pessoas — cerca de 25% da população do país — precisam de ajuda humanitária, com grupos como os doentes crónicos, as grávidas e as crianças numa situação especialmente vulnerável.
Lowcock recordou também que a situação continua a deteriorar-se, com uma contração económica que continua e um aumento da inflação com “uma escala vista em poucos ou nenhum país” em anos recentes.
A crise teve um impacto claro na alimentação dos venezuelanos, segundo a ONU, com um aumento da subnutrição, que em 2018 afetava cerca de 3,7 milhões de pessoas.
As Nações Unidas calculam que 1,9 milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar, entre as quais 1,3 milhões de crianças com menos de cinco anos, embora a organização admita que necessita de mais informação para traçar um retrato mais preciso da realidade venezuelana.
No âmbito da saúde, Mark Lowcock advertiu de que o sistema sanitário do país tem falta de pessoal, medicamentos, equipamento e eletricidade.
A mortalidade por doenças como diabetes, hipertensão, cancro ou sida está a aumentar por falta de cuidados, enquanto doenças como tuberculose, difteria e malária estão a voltar, explicou.
No total, a ONU estima que 2,8 milhões de pessoas necessitam de apoio sanitário.
A crise no país interrompeu também a educação de mais de um milhão de crianças e muitas pessoas precisam de proteção, sobretudo todas aquelas que abandonaram as suas casas e saíram do país, um número que alcança os 3,4 milhões nos últimos anos.
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