"A Polícia Judiciária (PJ), através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, procedeu, hoje, à realização de uma operação policial que visou a execução de 34 mandados de busca e apreensão, 10 buscas domiciliárias e 13 não domiciliária em organismos públicos, e 11 buscas não domiciliárias em empresas, em Lisboa, Oeiras, Mafra, Amadora, Alcácer do Sal, Seixal, Ourique, Portalegre, Sintra e Sesimbra", é referido em comunicado enviado às redações.
Segundo as autoridades, "investigam-se factos suscetíveis de enquadrar a prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, prevaricação, participação económica em negócio, abuso de poderes (titulares de cargos políticos) e abuso de poder (regime geral)".
"Em causa estão fortes suspeitas de favorecimento de empresas do setor da comunicação, publicidade, marketing digital e marketing político, por parte de diversas entidades públicas", é frisado. Segundo a CNN Portugal, Luís Bernardo, ex-assessor de José Sócrates que detém a empresa de assessoria WLPartner, e o amigo e consultor João Tocha, responsável da First Five Consulting, são os alvos da megaoperação da PJ.
"As diligências realizadas visam consolidar a indiciação de que, às empresas referenciadas pela investigação, terão sido adjudicados contratos, por ajuste direto ou por consulta prévia, em clara violação das regras aplicáveis à contratação pública, designadamente, dos princípios da concorrência e da prossecução do interesse público, causando elevado prejuízo ao Erário Público", pode ainda ler-se na nota.
De acordo com a PJ, "participaram na operação cerca de 150 elementos da Polícia Judiciária, inspetores e peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística e da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática da PJ, além de oito Magistrados do Ministério Público, no DCIAP".
"A Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ prosseguirá a investigação, com a análise aos elementos probatórios recolhidos, através do seu exame e eventual intervenção pericial, visando o apuramento integral de todas as condutas criminosas, o seu cabal alcance e, bem assim, a sua célere conclusão", remata o comunicado.
Entretanto, também a Procuradoria-Geral da República divulgou uma nota no seu ‘site’ sobre esta operação, acrescentando que os factos sob investigação terão ocorrido entre 2020 e 2024 e detalhando alguns dos locais que foram alvo de buscas, como uma universidade, municípios, uma freguesia de Lisboa, serviços municipalizados, empresas municipais e a secretaria-geral do Ministério da Administração Interna.
O MP adiantou ainda que as empresas de assessoria de comunicação sob suspeita terão criado um “esquema concertado que passava pela apresentação de propostas em concursos públicos, criando falsamente um cenário de aparente concorrência e legalidade, mas tendo em vista garantir, à partida, quais seriam as vencedoras das adjudicações” dos contratos.
O inquérito está sujeito a segredo de justiça.
“A Wonderlevel Partners confirma a realização de diligências, no âmbito de um inquérito que está em fase de investigação. A empresa está, naturalmente, a cooperar com as autoridades competentes”, anunciou a empresa de Luís Bernardo, numa reação oficial.
A Lusa tentou também contactar a empresa de comunicação First Five Consulting, de João Tocha, mas até ao momento não foi possível obter uma resposta.
Fonte oficial da Câmara Municipal de Oeiras confirmou também que a autarquia foi visada pelas buscas “no âmbito de processos de contratação pública na área da comunicação”.
(Notícia atualizada às 15h55)
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