De acordo com a edição de hoje do jornal Público, oito diamantes apreendidos pela Polícia Judiciária (PJ) no âmbito da Operação Miríade não valem mais do que 290 euros. A apreensão partiu de uma denúncia de um major ao serviço da 6.ª Força Nacional Destacada (FND) na República Centro-Africana (RCA).
O jornal adianta que a PJ mandou verificar a qualidade dos diamantes junto de peritos, que concluíram que três deles, ainda em bruto, valem em conjunto 81 euros, ao passo que os outro cinco, já lapidados, perfazem um valor de 209 euros. Ou seja, a maquia totaliza 290 euros, o que surpreendeu os investigadores.
Os diamantes em bruto têm apenas valor para serem usados na produção de material para a construção civil, sendo feitos em pó para produzir serras, brocas ou lixas. Já os lapidados, podem ser usados na produção de joias, ainda que valham bem menos do que o esperado.
Estas pedras chegaram às mãos da PJ, continua o Público, devido à ação de um intérprete na RCA, que não foi pago por ter intermediado a venda de um conjunto de oito diamantes, e de um major que não quis alinhar num negócio da mesma natureza.
A PJ confirmou em 8 de novembro a execução de 100 mandados de busca e 10 detenções, incluindo de militares e ex-militares, no âmbito da Operação Miríade, na sequência de um inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
Em causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais e que “se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas”.
Em comunicado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) revelou que alguns militares e portugueses em missões na República Centro-Africana podem ter sido utilizados como "correios” no tráfego de diamantes, adiantando que o caso foi reportado em dezembro de 2019.
Denunciante também é arguido
Segundo o 'Público', o major que denunciou o negócio foi também ele constituído arguido no processo. O jornal diz mesmo que a casa do militar no Entroncamento foi alvo de buscas na última segunda-feira. Depois de ter entregado os diamantes, em dezembro de 2019, ao comandante da 6.ª FND, o major prestou declarações à Polícia Judiciária Militar, enquanto denunciante, em fevereiro do ano passado.
(Artigo atualizado às 23:44)
Comentários