O tenente-general Martins Pereira, Comandante das Forças Terrestres do Exército, discursou hoje na cerimónia de receção aos militares portugueses que regressam hoje a Portugal depois de seis meses de missão na República Centro-Africana.

“Não é nem pode a sombra negra da conduta incorreta, errada e censurável a todos níveis de alguns, muito poucos - que será certamente punida judicialmente, e que a todos nós envergonha - que vos ponha a olhar para o chão”, disse aos militares, numa alusão à Operação Miríade.

Para o Comandante das Forças Terrestres, estes militares cumpriram “bem a missão, com comportamento íntegro e diligente, respeitador das populações e das suas dificuldades”.

“E é com honra, ainda que sem vaidade, que devem ostentar os símbolos, distinções e experiências que esta missão vos conferiu”, enalteceu.

Na perspetiva de Martins Pereira estes militares “estão assim de parabéns e podem estar com o sentimento de missão cumprida”, considerando que esforço destes operacionais “foi importante para promover a paz e a segurança internacionais e para defender os interesses de Portugal naquelas fronteiras afastadas de África”.

A Polícia Judiciária executou, a 08 de novembro, 100 mandados de busca e fez 11 detenções, incluindo militares, um advogado, um agente da PSP e um guarda da GNR, no âmbito da Operação Miríade.

Em causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais e que “se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas”, com vista ao branqueamento de capitais.

Em comunicado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) revelou que alguns militares portugueses em missões da ONU na República Centro-Africana podem ter sido utilizados como "correios” no tráfico de diamantes, ouro e droga, adiantando que o caso foi reportado em dezembro de 2019.

Após o primeiro interrogatório judicial, o ex-militar e alegado líder da rede criminosa e o seu suposto “braço-direito” ficaram em prisão preventiva.