“Saí da reunião com algum otimismo pela recetividade que tivemos dos assuntos que abordámos” com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, adiantou à Lusa o bastonário Luís Filipe Barreira.
Após esta primeira reunião com o chefe do executivo, que tinha sido pedida pela Ordem, o bastonário adiantou que um dos assuntos analisados foi a valorização dos enfermeiros, ao nível do seu salário, da carreira e das condições de trabalho.
Apesar de constituírem matérias de foro laboral e de negociação sindical, Luís Filipe Barreira salientou que “obviamente que interferem negativamente com o exercício profissional” dos enfermeiros que trabalham no SNS.
“A questão é que, a partir do momento em que as questões laborais interferem com o exercício profissional, como é o caso, passam a ser uma preocupação da OE, que é o regulador da profissão”, justificou o bastonário, para quem a “profissão precisa de facto de medidas urgentes”.
O responsável da ordem salientou ainda que os “enfermeiros já não são aumentados há cerca de 15 anos”, razão pela qual deixou “muito claro” na reunião de hoje que “têm agora de ser uma prioridade em termos do próprio SNS”.
Luís Filipe Barreira referiu que abordou também com Luís Montenegro a necessidade da contratação de mais enfermeiros, tendo em conta o último relatório que foi tornado público pelo anterior executivo e que apontava para a falta de 14 mil profissionais no país.
“Pedimos que se fizesse um levantamento das necessidades” de contratação urgentes e que se defina um plano para resolver o problema da carência de profissionais no SNS, avançou o bastonário.
Segundo disse, um sinal que poderia ser dado aos enfermeiros seria “acabar com os contratos de trabalho a termo no SNS”, quando em causa estão necessidades permanentes e que, por isso, não faz sentido a existência desse tipo de vínculo.
O encontro serviu ainda para a OE defender a criação de incentivos à habitação para os enfermeiros, “porque as rendas são muito altas para os vencimentos que têm”, e tendo em conta as “carências graves” de falta de profissionais em Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, disse.
A OE defende, ao nível da saúde materna e obstétrica, que as competências que os enfermeiros têm sejam “devidamente aproveitadas pelo país”, mas também que esses profissionais possam assegurar as consultas de acompanhamento de doentes crónicos, “libertando os médicos para as primeiras consultas que estão com listas de espera muito altas”, adiantou Luís Filipe Barreira.
Além destes assuntos, a ordem pretende “colocar novamente em cima da mesa” a antecipação da idade da reforma, referiu o bastonário, depois de ter sido criado um grupo de trabalho pela anterior equipa ministerial para fazer esta análise, mas que acabou por não tornar públicas as suas conclusões.
“Quer o senhor primeiro-ministro, quer a senhora ministra, estão muito por dentro do dossier da saúde e têm vontade de fazer as alterações que são importantes fazer. Tomou boa nota das propostas e vamos aguardar agora a concretização das mesmas”, disse.
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